Grupo Volkswagen revisa para baixo suas projeções para 2020

Pandemia afetou vendas e lucros, e balanço trimestral de 2020 caiu 23% em relação ao mesmo período de 2019


A pandemia de coronavírus já afetou significativamente os resultados no Grupo Volkswagen no primeiro trimestre, fazendo a companhia revisar para baixo suas projeções para 2020. O balanço trimestral divulgado na quarta-feira, 29, mostra que as entregas de veículos aos clientes das 10 marcas do grupo caíram 23% na comparação com o período janeiro-março de 2019, somando 2 milhões de unidades vendidas, o que resultou em faturamento global de € 55,1 bilhões, em queda de 8,3%. O lucro operacional declinou 81,4%, para € 900 milhões, equivalendo a retorno operacional de apenas 1,6% da receita líquida, contra 8,1% um ano antes. O lucro líquido apurado foi de € 517 milhões, 83,1% abaixo do apurado nos três primeiros meses do ano passado.

" A pandemia de Covid-19 afetou severamente nossos negócios globalmente no primeiro trimestre. Tomamos diversas contramedidas para cortar custos e assegurar a liquidez, assim continuamos robustamente posicionados financeiramente. Mas nós já damos os primeiros passos para retomar os negócios novamente. O Grupo Volkswagen está manobrando através dessa crise sem precedentrss com foco e determinação", disse Frank Witter, membro do conselho responsável por finanças e TI.

O certo é que a pandemia já afetou os negócios do ano inteiro. No relatório de resultados, o grupo reconhece que as vendas em 2020 serão “significativamente mais baixas do que no ano anterior devido ao impacto da Covid-19”, o que puxará para baixo faturamento e resultados financeiros. A empresa também destaca que outros fatores prejudicam o desempenho, como a intensificação da concorrência, volatilidade cambial e dos preços das commodities, além de legislações de emissões mais restritas a cumprir.
Apesar de esperar por lucro “severamente abaixo” do apurado em 2019, a companhia projeta que o balanço anual deverá fechar com um número positivo. Mas a companhia adianta que o retorno sobre investimento projetado em 9% este ano “não será atingido”.

BRASIL AINDA MANTEVE CRESCIMENTO

Com a chegada da pandemia já no fim do primeiro trimestre, a região da América do Sul foi menos impactada pela crise no período inicial do ano – o impacto maior deve ocorrer no segundo trimestre. Entre os maiores mercados globais do Grupo VW, o Brasil foi um dos quatro que apresentou crescimento na vendas, de 4,4%, com 87,7 mil veículos vendidos. Contudo, os próximos meses deverão reverter o resultado para o campo negativo.
“Entre janeiro e março o crescimento econômico no Brasil manteve o mesmo ritmo gradual visto em trimestres anteriores, apesar da situação continuar tensa na maior economia da América do Sul”, diz o relatório, destacando ainda que na região a situação de deterioração macroeconômica da Argentina, que vinha sendo observada desde meados de 2018, agora apresenta sintomas ainda piores com a chegada da pandemia de Covid-19, com continuada alta da inflação, forte desvalorização cambial e queda profunda de vendas.
 

PRINCIPAIS MARCAS

Entre as principais marcas do grupo, a Volkswagen, a que mais vende, somou vendas globais de 765 mil veículos no primeiro trimestre, em queda de 16% sobre o mesmo período de 2019. O faturamento da divisão nos três meses atingiu € 19 bilhões, 12% menor, e o lucro operacional de € 481 milhões ficou 48% abaixo do apurado um ano antes.
A Audi vendeu 268 mil veículos em todo o mundo nos primeiros três meses de 2020, em baixa de 12% sobre 2019. O faturamento caiu 9,4%, para € 12,5 bilhões e o lucro operacional de apenas € 15 milhões foi apenas uma fração dos € 1,1 bilhão de um ano atrás. A divisão de luxo do Grupo VW atribui o mau resultado a efeitos cambiais negativos, queda de volumes e variações desfavoráveis nas cotações de commodities.

Os melhores resultados do grupo vieram de suas marcas de baixo volume e alta sofisticação de prestígio, Porsche e Bentley. A marca alemã de carros esportivos vendeu 56 mil unidades no primeiro trimestre, em leve declínio de 1,3%, mas o faturamento cresceu quase 4%, para € 5,4 bilhões, o que foi insuficiente para impedir a queda de 36% no resultado operacional, que ainda assim se manteve em alto nível porcentual sobre as vendas, somando € 529 milhões em três meses.
Já a inglesa Bentley obteve recorde de vendas de seus carros de alto luxo, com 3,3 mil unidades comercializadas globalmente no trimestre, em expressiva alta de 28% ante os mesmos meses de 2019. O faturamento da divisão cresceu 36%, para € 620 milhões, fazendo o lucro operacional aumentar 14%, para € 56 milhões.

A divisão de caminhões englobada pelo Grupo Traton continua a reproduzir seus resultados no balanço do Grupo VW. A Scania informou vendas globais de 19 mil veículos no primeiro trimestre, em queda de 21% sobre o mesmo período do ano passado. A receita somou € 3 bilhões, em retração de 12%, e o lucro operacional de € 256 milhões ficou 31% abaixo do apurado um ano atrás.
A MAN, que no balanço formal do grupo ainda integra a Volkswagen Caminhões e Ônibus com sede no Brasil, informou vendas globais de 28 mil veículos de janeiro a março, número 17,2% menor do que o registrado no primeiro trimestre de 2019. O faturamento declinou 13%, para € 2,6 bilhões e o resultado operacional foi negativo, com prejuízo trimestral de € 83 milhões, ante lucro de € 115 milhões no mesmo intervalo do ano passado.

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