Pesquisa Industrial Mensal do IBGE

Produção recuou em todas as categorias econômicas e em 23 dos 26 ramos


Em março de 2020, a produção industrial recuou 9,1% frente a fevereiro de 2020 (série com ajuste sazonal), queda mais acentuada desde maio de 2018 (-11,0%), refletindo os efeitos do isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19. Em relação a março de 2019 (série sem ajuste sazonal), a indústria recuou 3,8%, quinto resultado negativo seguido nessa comparação. A indústria acumulou redução de 1,7% no ano. No acumulado em 12 meses, a indústria recuou 1,0%. A publicação completa da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) está à direita.

A redução de 9,1% na passagem de fevereiro para março de 2020 foi a mais acentuada desde maio de 2018 (-11,0%) e levou a produção industrial ao nível próximo ao de agosto de 2003, ficando 24,0% abaixo do ponto recorde de maio de 2011. Esse resultado se refletiu na expansão do conjunto de segmentos com taxas negativas: todas as quatro grandes categorias econômicas e 23 dos 26 ramos pesquisados, evidenciando o aprofundamento das paralisações em diversas plantas industriais, devido ao isolamento social por conta da pandemia de Covid-19. O índice de média móvel trimestral, recuou 2,4% em março de 2020 frente ao nível do mês anterior, perda mais intensa desde maio de 2018 (-3,3%).

Produção recuou em todas as categorias econômicas e em 23 dos 26 ramos — O recuo de 9,1% da atividade industrial na passagem de fevereiro para março de 2020 alcançou todas as grandes categorias econômicas e a maior parte (23) dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, a influência negativa mais relevante foi em veículos automotores, reboques e carrocerias (-28,0%), pressionada pelas paralisações/interrupções da produção em várias unidades produtivas, devido aos efeitos causados pela pandemia de Covid-19. Com isso, esse ramo apontou a queda mais intensa desde maio de 2018(-29,0%) e eliminou a expansão de 7,8% acumulada nos dois primeiros meses de 2020.

Outras contribuições negativas relevantes sobre o total da indústria vieram de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-37,8%), de bebidas (-19,4%), de couro, artigos para viagem e calçados (-31,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-12,5%), de máquinas e equipamentos (-9,1%), de produtos de minerais não-metálicos (-11,9%), de produtos têxteis (-20,0%), de móveis (-27,2%), de outros produtos químicos (-4,7%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,6%), de produtos de metal (-7,5%), de produtos de madeira (-16,1%), de metalurgia (-3,4%), de indústrias extrativas (-1,6%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,2%).

Por outro lado, os ramos de impressão e reprodução de gravações (8,4%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (0,7%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (0,3%) assinalaram os avanços na produção nesse mês, mantendo o comportamento positivo observado em fevereiro e acumulando nesse período ganhos de 16,2%, 4,3% e 0,9%, respectivamente.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a fevereiro de 2020, bens de consumo duráveis, ao recuar 23,5%, teve a queda mais acentuada em março de 2020, influenciada, em grande parte, pela menor produção de automóveis. Essa redução foi a mais intensa desde maio de 2018 (-23,8%) e marcou o segundo mês seguido de queda, com perda acumulada de 23,7% nesse período.

Os setores de bens de capital (-15,2%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-12,0%) também apresentaram taxas negativas mais elevadas do que a média nacional (-9,1%), com o primeiro eliminando o ganho de 13,8% acumulado nos dois primeiros meses de 2020; e o segundo prosseguindo com o comportamento negativo desde novembro de 2019, com redução de 14,4%% nesse período. O setor de bens de capital marcou a queda mais acentuada desde maio de 2018 (-18,0%); e bens de consumo semi e não-duráveis apresentou o resultado negativo mais intenso desde o início da série histórica.

O setor de bens intermediários (-3,8%) também assinalou recuo na produção, com a perda mais elevada desde maio de 2018 (-7,3%), interrompendo, dessa forma, três meses de resultados positivos consecutivos e que acumularam expansão de 1,8%.

Média móvel trimestral recua 2,4% — Ainda na série com ajuste sazonal, a evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria caiu 2,4% no trimestre encerrado em março de 2020 frente ao nível do mês anterior, após avançar 0,3% em fevereiro, quando interrompeu a trajetória descendente iniciada em outubro de 2019.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação ao movimento deste índice na margem, os segmentos de bens de consumo duráveis (-6,6%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-4,1%) tiveram os recuos mais intensos nesse mês e mantiveram o comportamento negativo desde dezembro de 2019, com perdas acumuladas de -9,8% e de -5,9%, respectivamente. Os setores produtores de bens de capital (-1,1%) e de bens intermediários (-0,7%) também assinalaram taxas negativas em março de 2020, com o primeiro mantendo a trajetória predominantemente descendente iniciada em junho de 2019; e o segundo eliminando o ganho de 0,6% registrado no mês anterior, quando interrompeu três meses consecutivos de queda na produção.

Indústria recuou 3,8% na comparação com março de 2019 — Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial recuou 3,8% em março de 2020, com resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas, 21 dos 26 ramos, 48 dos 79 grupos e 59,3% dos 805 produtos pesquisados. Mesmo com o efeito-calendário positivo - já que com 22 dias, março de 2020 teve três dias úteis a mais do que igual mês do ano anterior (19) -, observa-se a clara influência dos efeitos do isolamento social devido à pandemia de Covid-19, que afetou a produção de várias unidades produtivas no país.

Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-16,2%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria, pressionada, em grande medida, pelos itens automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques e autopeças.

Houve ainda as contribuições negativas dos ramos de bebidas (-18,8%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-27,5%), de couro, artigos para viagem e calçados (-26,7%), de produtos de minerais não-metálicos (-10,6%), de metalurgia (-5,8%), de produtos de borracha e de material plástico (-5,0%), de produtos de madeira (-12,6%), de produtos têxteis (-9,9%), de produtos de metal (-3,9%), de móveis (-12,3%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,3%) e de produtos do fumo (-14,3%).

Por outro lado, ainda na comparação com março de 2019, entre as cinco atividades que apontaram expansão na produção, as principais influências no total da indústria foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (8,1%) e produtos alimentícios (3,4%). Outros impactos positivos importantes foram assinalados pelos ramos de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (7,9%) e de celulose, papel e produtos de papel (3,1%).

Entre as grandes categorias econômicas, ainda no confronto com igual mês de 2019, bens de consumo duráveis (-9,7%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-7,1%) assinalaram, em março de 2020, os recuos mais acentuados. Os setores de bens de capital (-3,9%) e de bens intermediários (-1,7%) também mostraram taxas negativas nesse mês, com o primeiro apontando queda ligeiramente mais elevada do que a média nacional (-3,8%); e o segundo registrando a redução mais moderada no índice mensal entre as categorias econômicas.

O segmento de bens de consumo duráveis recuou 9,7% em março de 2020 frente a igual período do ano anterior, após queda de dois dígitos em fevereiro (-10,6%), quando interrompeu cinco meses de resultados positivos consecutivos nesse tipo de comparação. O setor foi particularmente pressionado pela redução na fabricação de automóveis (-19,3%). Houve ainda os recuos de eletrodomésticos da “linha marrom” (-0,8%), de móveis (-8,8%) e de outros eletrodomésticos (-13,6%). Por outro lado, os principais impactos positivos foram verificados em eletrodomésticos da “linha branca” (8,7%) e motocicletas (12,8%).

O setor produtor de bens de consumo semi e não-duráveis, ao recuar 7,1% no índice mensal de março de 2020, apontou a terceira taxa negativa consecutiva e a mais intensa desde maio de 2018 (-9,4%) nesse tipo de comparação. O desempenho deve-se à queda de 24,6% verificada no grupamento de semiduráveis. Vale citar também os resultados negativos assinalados pelos grupamentos de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-3,8%) e de carburantes (-11,9%). Por outro lado, o grupamento de não-duráveis (1,3%) apontou a única taxa positiva nessa categoria.

O setor de bens de capital recuou 3,9% em março de 2020, após também mostrar taxa negativa em fevereiro (-4,6%). O segmento foi influenciado pela queda no grupamento de bens de capital para equipamentos de transporte (-10,0%). As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital para fins industriais (-2,6%), de uso misto (-7,0%) e agrícolas (-5,1%). Por outro lado, os impactos positivos foram assinalados pelos grupamentos de bens de capital para energia elétrica (6,3%) e para construção (3,0%).

A produção de bens intermediários reduziu 1,7% em março de 2020, após mostrar avanço de 2,7% em fevereiro, quando interrompeu três meses de taxas negativas consecutivas nesse tipo de comparação. O resultado deve-se, principalmente, aos recuos nos produtos associados às atividades de produtos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-19,5%), de minerais não-metálicos (-10,7%), de metalurgia (-5,8%), de produtos de borracha e de material plástico (-5,3%), de máquinas e equipamentos (-10,5%), de produtos de metal (-5,0%), de produtos têxteis (-6,8%) e de indústrias extrativas (-0,4%), enquanto as pressões positivas foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (13,8%), produtos alimentícios (5,7%), celulose, papel e produtos de papel (2,4%) e outros produtos químicos (0,1%).

Ainda nessa categoria econômica, vale citar os resultados dos grupamentos de insumos típicos para construção civil (-4,8%), que apontou a quarta taxa negativa consecutiva e a mais intensa desde maio de 2018 (-8,0%); e de embalagens (1,6%), no segundo mês seguido de crescimento nesse tipo de comparação.

No índice acumulado para janeiro-março de 2020, frente a igual período do ano anterior, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial mostrou redução de 1,7%, com resultados negativos em 4 das 4 grandes categorias econômicas, 18 dos 26 ramos, 46 dos 79 grupos e 56,3% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,0%) e indústrias extrativas (-5,8%) exerceram as maiores influências negativas na formação da média da indústria, pressionadas, em grande medida, pelos itens automóveis, na primeira; e minérios de ferro, na segunda.

Vale destacar também as contribuições negativas assinaladas pelos ramos de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,9%), de bebidas (-4,3%), de produtos de minerais não-metálicos (-4,8%), de couro, artigos para viagem e calçados (-9,8%%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-11,2%), de impressão e reprodução de gravações (-23,1%), de outros equipamentos de transporte (-11,9%) e de metalurgia (-2,2%). Por outro lado, entre as oito atividades que apontaram ampliação na produção, a principal influência no total da indústria foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (11,3%), impulsionada, em grande parte, pela maior fabricação dos itens óleos combustíveis e naftas para petroquímica. Outros impactos positivos importantes foram assinalados pelos ramos de produtos alimentícios (1,3%) e de celulose, papel e produtos de papel (3,0%).

Entre as grandes categorias econômicas, o perfil dos resultados para os três primeiros meses de 2020 mostrou menor dinamismo para bens de consumo duráveis (-6,4%), pressionada, sobretudo, pela redução na fabricação de automóveis (-14,9%). Os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (-3,2%) e de bens de capital (-1,8%) também assinalaram recuos mais elevados do que o observado na média nacional (-1,7%), enquanto o segmento de bens intermediários (-0,2%) apontou a taxa negativa mais moderada no índice acumulado no ano.

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