GIOVANNA RIATO, AB

Diferentemente de outras fabricantes de veículos, a Ford descarta a possibilidade de retomar a produção em suas fábricas brasileiras em maio. “Por enquanto estamos planejando a volta para o começo de junho, mas esta data é reavaliada constantemente”, contou Rogelio Golfarb, vice-presidente de companhia para a América do Sul em entrevista durante Live #ABX20 na terça-feira, 12.

Segundo o executivo, até que a pandemia de coronavírus mostre um enfraquecimento considerável, a companhia manterá suas três fábricas fechadas: em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), onde a empresa produz modelos da marca Troller.

A planta da empresa em São Bernardo do Campo, no ABC, Paulista, já foi desativada e segue em negociação para ser vendida. Em entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da companhia na região, Lyle Watters, afirmou que há novos interessados no empreendimento, incluindo empresas de fora do setor automotivo.

PRODUÇÃO DESPENCOU, MAS ESTOQUES SÃO O SUFICIENTE

Golfarb diz que só abrirá as fábricas quando for seguro para os colaboradores, com protocolos de saúde desenvolvidos em fábricas da China e de outras regiões do mundo que já enfrentaram a fase mais aguda da contaminação por coronavírus.

Depois do tombo da produção de veículos em abril, que caiu para pífias 1,8 mil unidades, Golfarb lembra que ainda não há reação do mercado que justifique uma reativação imediata das fábricas.

" Se tomarmos como base o ritmo do mercado em abril, o nível de estoque da indústria automotiva é o suficiente para 128 dias de vendas", calcula

O executivo evita traçar projeções para o ano, já que o cenário permanece incerto, já que tudo depende da progressão da pandemia no País. Ainda assim, ele afirma que não há indício de nenhuma evolução importante do ritmo de vendas no segundo trimestre do ano. “Não vejo mudança significativa. Devemos continuar com queda de 60% a 70% na demanda”, estima.

CRONOGRAMA DE LANÇAMENTOS

Golfarb preferiu não detalhar como fica a programação para a chegada de novos carros da marca. O executivo confirmou apenas que o utilitário esportivo Territory será lançado ainda este ano, no segundo semestre. O modelo deve chegar ao mercado inicialmente importado, apesar dos custos mais altos por causa da escalada do dólar.

Nos últimos meses a companhia enxugou sua oferta de produtos no Brasil e ficou com apenas seis modelos: Edge, Ka, Ka Sedan, EcoSport, Ranger diesel, Mustang. Segundo o executivo, a estratégia segue a diretriz global da companhia de concentrar a gama de veículos em utilitários esportivos e picapes, segmentos que estão ganhando espaço no mercado global.

" Fizemos uma opoção muito clara por deixar segmentos que estavam diminuindo no Brasil e em outros mercados na América do Sul. Foi uma decisão difícil, mas que se mostrou absolutamente correta para nós", conta.

Balanço financeiro do primeiro trimestre de 2020 divulgado pela companhia aponta que, além do Territory, há uma série de novidades previstas para o mercado da América do Sul: o SUV Escape, que até antes da crise era previsto para chegar em versão híbrida no Brasil, uma nova picape F-150 e um novo utilitário esportivo. Além disso, há a expectativa local de uma nova geração do EcoSport.

Apesar de não comentar sobre o planejamento de produto para os próximos anos, Golfarb enfatiza que a companhia “não vai abrir mão de competitividade”, incluindo produtos eletrificados que estão em desenvolvimento global pela companhia.