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Fenabrave avalia que retomada das vendas de veículos no País depende de retorno às atividades

Concessionárias começam a reabrir em mais cidades no País, mas retomada das vendas é incerta


PEDRO KUTNEY, AB

A associação dos concessionários distribuidores de veículos, a Fenabrave, avalia que a pequena recuperação das vendas de automóveis e comerciais leves em maio só foi possível por causa das negociações on-line, do maior número de concessionárias abertas e retomada de licenciamentos em alguns Detran – a maioria das lojas e centros de emplacamentos foi fechada em abril como medida para conter a propagação da pandemia de coronavírus. Segundo números consolidados divulgados pela entidade na terça-feira, 2, foram emplacados 56.639 veículos leves no mês passado, o que representa alta de 10,3% na comparação com abril, mas o volume ainda está bastante abaixo dos níveis pré-pandemia, que giravam acima de 200 mil unidades/mês.

Se comparado com maio do ano passado, quando o mercado somou 234 mil automóveis e comerciais leves, o resultado aponta baixa nas vendas de quase 76%. A Fenabrave aponta que este foi o pior resultado mensal de 39 anos. Com isso, a retração anual vai se elevando: nos cinco primeiros meses de 2020 os emplacamentos de veículos leves se retraíram 38% em relação ao mesmo período de 2019, com o total de 640,5 mil unidades contra 1 milhão um ano antes. Conforme a entidade, este já é o pior desempenho acumulado de janeiro a maio em 19 anos.

Na avaliação do presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, os emplacamentos e vendas só vão atingir nível mais elevado quando as concessionárias e os Detrans de todo o País puderem retomar plenamente todas as suas atividades, ao congtrário do que acontece até agora.

“Observamos que a abertura parcial de alguns Detrans, que começaram a operar com agendamentos, as vendas não presenciais dos concessionários e a liberação de alguns municípios para abertura plena das concessionárias já resultaram nesta pequena melhora, como a primeira sinalização positiva para voltarmos à normalidade. Se o Estado e a capital paulista estivessem operando normalmente, os resultados seriam mais expressivos, já que São Paulo representava, antes da crise, mais de 26% das vendas de veículos e passou a representar apenas 0,9% em abril e 1,6%, em maio”, pontua Alarico Assumpção Jr.

Enquanto a reabertura das concessionárias não acontece plenamente e crescem as incertezas sobre a economia, a Fenabrave informa que não irá fazer projeções de vendas para o ano. O presidente da entidade diz que vai aguardar o fechamento do primeiro semestre para reavaliar o cenário. “Ainda é prematuro, pois não sabemos quando as atividades retornarão em todos os estados e municípios, tampouco como reagirá a economia e a oferta de crédito para consumo. O que sabemos é que o ritmo será mais lento no início e neste momento não temos como prever os reais impactos. Assim como o PIB, devemos ter um resultado inferior ao de 2019, mas só teremos como projetar isso após a retomada plena de todas as concessionárias”, afirmou Assumpção Jr.

O dirigente voltou a alertar que a falta de liquidez das concessionárias segue sendo um problema grave para o setor. “Sem crédito, não temos como preservar empresas e empregos e isso é preocupante. Da mesma forma, é preciso garantir crédito e taxas de juros atraentes para o consumidor voltar à ativa”, defendeu o presidente da Fenabrave. Há um mês a entidade alertou que a interrupção do faturamento das lojas de veículos poderia provocar o fechamento de 30% das empresas do setor de distribuição de veículos novos no País, que operam 7,3 mil pontos de venda e empregam 315 mil pessoas – número que começou a ser reduzido com as demissões já ocorridas.

CONCESSIONÁRIOS PRONTOS PARA REABRIR LOJAS

A Fenabrave vem defendendo a reabertura total das concessionárias desde que a maioria foi fechada, ainda em março, por determinação de legislações estaduais e municipais para ampliar o distanciamento social e conter a pandemia. A federação dos concessionários alega que lojas de veículos não provocam grandes aglomerações de pessoas e o setor está pronto a reabrir com segurança.

Em comunicado, a Fenabrave defende a retomada gradativa das atividades em São Paulo a partir desta semana, conforme plano divulgado pelo governo do Estado em 27 de maio, que prevê a reabertura parcial de vários setores do comércio, incluindo concessionárias.

Na capital paulista a reabertura depende de autorização da prefeitura, que está recebendo pedidos e protocolos de cada setor para tomar a decisão, mas a Fenabrave confia que os distribuidores de veículos poderão retomar todas as atividades na cidade ainda esta semana. A Fenabrave já havia encaminhado às autoridades municipais um ofício e o Guia de Orientações de Combate ao Coronavírus nas Concessionárias, elaborado pela federação. Agora a entidade enviou novo ofício e documentos ao portal da Prefeitura de São Paulo, reforçando que as medidas de proteção à saúde adotados por concessionárias já abertas em outras cidades também serão seguidas na capital paulista. No Estado do Rio de Janeiro a reabertura estava prevista para a terça-feira, 2.

CRÉDITO PARA REAQUECER VENDAS

Além da reabertura das concessionárias, a Fenabrave espera que o sistema financeiro apoie a retomada do setor com aumento de concessão de crédito ao setor, para as empresas e para os consumidores. Segundo a entidade, a aprovação cadastral para o financiamentos de automóveis está mais restritiva e as taxas de juros elevadas.

“Assim que ocorrer o retorno gradual do mercado, com crédito e renda retornando aos patamares habituais, esperamos que as concessionárias voltem a níveis sustentáveis de vendas e os empresários possam ter clareza para definir o rumo dos seus negócios. Estamos confiantes que dias melhores virão”, concluiu Assumpção Jr.
 

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