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Indústria automotiva retoma operações da maioria das linhas de montagem

Dados da Anfavea mostram que indústria produziu 43,1 mil veículos no mês passado


SUELI REIS, AB

A indústria de veículos interrompeu em maio boa parte da paralisia que afetou suas fábricas desde a segunda quinzena de março por causa da pandemia de coronavírus e retomou as operações da maioria das linhas de montagem, embora ainda em ritmo muito lento. O balanço divulgado na sexta-feira, 6, pela Anfavea, associação das montadoras, mostra que foram produzidos 43,1 mil veículos no mês passado, entre leves e pesados. Em abril, quando apenas dez das 65 fábricas do Brasil estavam operando, o setor produziu menos de 2 mil veículos.

O volume de produção de maio é muito superior ao de abril por questões óbvias, mas muito aquém da capacidade da indústria. Para se ter ideia, o total representou queda de 85% sobre a produção de mesmo mês do ano passado, quando as empresas montaram mais de 275,7 mil unidades. Vale lembrar que o desempenho reflete o momento do mercado, cujas vendas seguem em baixa.

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, todas as fábricas de caminhões já retomaram suas operações, mas ainda há fábricas de automóveis e veículos leves fechadas.

" Das 15 fábricas só de veículos leves que temos no Brasil, sete já retornaram e oito só voltam às atividades em meados de junho", informou o presidente da Anfavea.

Apesar da produção baixa, o estoque de veículos fechou maio com pouco mais de 200,1 mil unidades, das quais 135,9 mil nas concessionárias e 64,2 mil nos pátios das montadoras. Esse estoque é o suficiente para 97 dias de vendas, considerando a média dos negócios realizados em maio. O estoque de maio foi 16% menor que o abril, quando as empresas registraram 237,3 mil veículos disponíveis.

" Houve redução porque vendeu mais do que se produziu no mês. Os 97 dias de estoque, que são um pouco mais do que três meses, também é menor que o de abril, quando estávamos com quatro meses de estoque, mas ainda assim é um estoque bastante alto, considerando que o normal seria um voluma para 30 a 35 dias de vendas", explica Moraes.

O baixo volume de produção em maio afetou o desempenho do acumulado do ano: em cinco meses, a indústria soma 631 mil veículos produzidos, uma retração de 49% quando comparado com o volume de igual período do ano passado, quando o setor montou mais de 1,24 milhão de unidades, sempre considerando a soma de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

Segundo a Anfavea, em maio foram fechadas 288 vagas de emprego no setor em comparação com o número de empregados que havia em abril. Atualmente, a indústria de veículos conta com 125.060 pessoas. Há um ano, em maio do ano passado, esse número era de 130.008 trabalhadores.

AINDA SEM PERSPECTIVAS

O presidente da Anfavea considerou que ainda não há condições para traçar uma nova projeção para o ano, considerando as diversas variáveis do País. O executivo lembra que a crise sanitária continua com a pandemia do novo coronavírus e que o número de casos ainda cresce no Brasil. Além disso, a crise econômica que ela traz deixa o ambiente ainda mais volátil e incerto.

" Com cada empresa voltando em um momento diferente, ainda não conseguimos fazer as novas provisões. A única coisa que podemos dizer é que termos um segundo trimestre ainda muito dramático, junho ainda vai ser um mês difícil. Para o terceiro trimestre, estamos imaginando um patamar melhor do que o segundo e quem sabe, no último trimestre do ano, seja ainda melhor", disse o presidente da Anfavea.

Moraes reforçou que é uma característica do setor automotivo o esforço de tentar manter o nível de empregos, uma vez que a indústria conta com mão de obra qualificada. Mas complementa dizendo que “a produção terá um ano muito difícil”.

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