Volvo avalia que altos investimentos em nacionalização esbarram na escala atual

Baixo volume na produção eleva custo unitário dos veículos


SUELI REIS, AB

A Volvo deverá manter pelos próximos anos seu índice atual de componentes importados para a produção de caminhões, que está atualmente na média de 30% a 35%, dependendo do modelo. Para a companhia, diversos fatores impactam na decisão de nacionalizar conteúdo e esse planejamento não leva em conta apenas a forte elevação do dólar, como a que tem acometido o Brasil desde o início da pandemia, com variação que chegou a 40% neste período.

Para o diretor comercial da Volvo, Alcides Cavalcanti, essas variáveis, como o câmbio e o volume reduzido da produção por causa da pandemia aumenta o custo unitário da produção – o que também afeta os volumes dos fornecedores.

“Tudo isso aumenta o custo de produção e aumentar o nível de nacionalização requer altos investimentos – e o segredo para justificar esses investimentos é a escala. Esse patamar de importados [de 30%] deve se manter pelos próximos anos”, afirma Cavalcanti. “Mesmo se o câmbio cair, não vejo uma redução tão drástica no médio prazo”, completou.

O executivo lembra da importância de manter um índice alto de nacionalização para poder financiar o produto via Finame, que exige o mínimo de 60% de produtos nacionais. Com o cenário atual de crise gerada pela pandemia, o Finame voltou a ser mais atrativo como linha de crédito do que o CDC (crédito direto ao consumidor), uma vez que as taxas do CDC subiram, elevando seu custo.

“No passado recente, o Finame era responsável por 90% dos financiamentos de veículos comerciais pesados, isso reverteu há algum tempo para o CDC, quando se tornou no início do ano passado mais atrativo. Mas agora, reverteu novamente e o Finame já responde por 70% dos financiamentos”, comenta.

Por causa do maior custo de produção e da alta do dólar, a Volvo está repassando os custos adiante aplicando um reajuste de preços em sua nova linha de caminhões 2021, com alta de 8% para a linha VM e de 12% para os caminhões da linha FH. O diretor comercial acrescenta que os novos valores serão aplicados até o início do quarto trimestre de 2020.

“Esses reajustes não são suficientes para cobrir os impactos que vieram com a pandemia. Em outubro, vamos reavaliar se haverá outro reajuste para o fim do ano, provavelmente vai ter, mas não como esses índices de agora”.

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