Construtora irá comprar área da fábrica desativada da Ford Taboão

Objetivo da construtora é alugar para outra montadora ou operadora logística


PEDRO KUTNEY, AB

A área da fábrica desativada da Ford Taboão está sendo comprada por R$ 550 milhões pela Construtora São José, que deverá alugar o local para outra montadora ou operadora logística. É o que anunciou a Prefeitura de São Bernardo do Campo no fim da tarde da terça-feira, 16, após reunião do prefeito Orlando Morando com representantes da empresa compradora. A Ford confirma que a construtora é uma das interessadas, mas nega que o negócio tenha sido concluído, no que pode ser mais um capítulo inconclusivo ou o fim da novela iniciada há quase um ano e meio, em fevereiro de 2019, quando a montadora divulgou sua decisão de encerrar atividades industriais no ABC paulista.

Provavelmente porque nenhum contrato foi assinado ou qualquer pagamento tenha sido feito ainda, a Ford divulgou uma nota que coloca em dúvida a confirmação do prefeito Morando sobre a conclusão do negócio: “A Construtora São José é um dos potenciais compradores, porém, não temos nada para anunciar no momento. Forneceremos informações adicionais quando avançarmos para uma decisão final sobre a venda da planta de São Bernardo do Campo”. Ou seja, ao menos por enquanto, as negociações não avançaram para uma “decisão final”.

Segundo o prefeito de São Bernardo, o desejo da Construtora São José é alugar as instalações para outra montadora, mas caso isso não seja viabilizado a ideia seria converter a área para utilização de um operador logístico. De acordo com a prefeitura, naquela região da cidade o terreno só pode ser usado para um desses fins, atividades industriais ou de logística, conforme o plano diretor do município.

“Desde o anúncio da saída Ford, que foi de maneira repentina, nós da prefeitura buscamos por diversos mecanismos a preservação dos postos de trabalho. E agora, com este negócio, ascende uma esperança para a geração de empregos, que terão impacto muito positivo em toda a cidade e o Estado”, afirmou em nota o prefeito Morando.

Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, afirmou que não foi informado sobre qualquer negociação da fábrica do Taboão. “A Ford havia se comprometido a informar o Sindicato em relação ao destino desta planta. Até este momento, nenhum contato foi feito pela direção da montadora depois da última posição. O Sindicato espera que a Ford cumpra seu compromisso e não repita o que aconteceu em fevereiro do ano passado em relação ao fechamento da fábrica”, afirmou Santana em nota.
 

A NOVELA DA FORD TABOÃO

Em fevereiro de 2019 a Ford anunciou que iria encerrar a produção de carros e caminhões em São Bernardo, na fábrica do Taboão que havia sido adquirida da Willys Overland 52 anos antes, no fim da década de 1960.

O fechamento foi efetivado em outubro passado quando a unidade foi definitivamente desativada, com o desligamento dos 600 trabalhadores da linha de caminhões que ainda trabalhavam na planta. A área de automóveis, onde o último carro produzido foi o Fiesta, já tinha sido desmontada em julho. A unidade da Ford tinha cerca de 2,7 mil funcionários na época do anúncio do encerramento das atividades, quase mil deles na área administrativa, que foi transferida para um prédio comercial em São Paulo.

Ao ser comunicado do fechamento da fábrica, o governador de São Paulo, João Doria, comprometeu-se a encontrar um comprador para a operação. Após especulações sobre o interesse de fabricantes chineses de caminhões, o Grupo Caoa chegou a confirmar a compra em setembro passado, mas o negócio não avançou – especula-se que não houve acordo por falta de financiamento para efetivar a aquisição. Em janeiro Doria afirmou que a Caoa havia desistido do negócio, mas que continuava a procurar uma empresa interessada.
 

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