Julho deve marcar retomada do mercado automotivo

Presidente da Fenabrave acredita que mês pode apresentar volumes melhores apesar da imprevisibilidade


PEDRO KUTNEY, AB

Os 132 mil emplacamentos de veículos leves e pesados registrados em junho, em alta de 113,6% sobre maio, trouxeram certo alento ao mercado, ainda que “cerca de 25% dos licenciamentos registrados sejam de vendas realizadas em maio, que não puderam ser concretizadas porque os Detrans estavam fechados”, segundo avalia Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, a federação dos concessionários que na quinta-feira, 2, divulgou seu balanço mensal do mercado com números consolidados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

Ainda que os registros de junho tenham sido inflados por emplacamentos que estavam represados do mês anterior, Assumpção Jr. confia que o mês marca o início da retomada das vendas do setor, que deve se confirmar em julho e se estender pelo resto do ano.

"Na comparação com maio, em junho observamos uma expressiva melhora, explicada pelo retorno das atividades dos Detrans e reabertura das concessionárias para vendas. Esperamos em julho volumes melhores, mas ainda falta previsibilidade, a retomada da produção foi muito lenta e algumas concessionárias ficaram pelo caminho", afirmou Alarico Assumpção Jr.
 

PANDEMIA SEGURA CRESCIMENTO

Segundo o presidente da Fenabrave, existem algumas concessionárias entre as 7,3 mil registradas que fecharam as portas devido à crise, em quantidade não conhecida, porque muitas empresas ainda estão com o CNPJ ativo. Além do número menor de pontos de venda que emergirá da crise, outro fator que segura o reaquecimento do setor é o funcionamento apenas parcial de 30% das lojas no País, que abrem em dias alternados ou funcionam em horário reduzido, como acontece na cidade de São Paulo, o maior mercado nacional.

“Perto de 70% das concessionárias já retomaram as atividades em todas as suas áreas de oito horas por dia, seguindo todos os protocolos de saúde, mas nas maiores praças a abertura é parcial, o que dificulta o fechamento de mais negócios”, aponta Assumpção Jr.

De acordo com o dirigente, dois problemas continuam a afetar severamente o setor de distribuição de veículos no País: o primeiro é a falta de caixa combinada com a falta de crédito às empresas para atravessar o período de queda abrupta do faturamento causada pela pandemia. “Apesar das medidas do governo, o dinheiro ainda não chega na ponta de quem precisa”, afirma o presidente da Fenabrave.

O outro problema é a falta de previsibilidade gerada pela pandemia, que impede o funcionamento regular de montadoras e concessionárias, além de reduzir a confiança do consumidor m comprar um bem de alto valor. “As fábricas voltaram a operar em ritmo lento, faltam peças para a produção, em alguns casos como caminhões extrapesados e motos de baixa cilindrada faltaram produtos para vender, não se sabe quando tudo poderá voltar a funcionar. Isso impede uma retomada mais vigorosa”, lamenta Assumpção Jr.
 

PRIMEIRO SEMESTRE DE QUEDA

Os dados consolidados pela Fenabrave apontam quedas em todos os segmentos do mercado no fechamento do semestre. Os 132 mil emplacamentos de veículos leves e pesados em junho representaram crescimento de 113,6% sobre maio, mas ainda estão 40,5% do volume registrado no mesmo mês de 2019. No acumulado da primeira metade de 2020, foram emplacadas 808,8 mil unidades, em queda de 38% sobre igual período do ano passado.

“A queda já era esperada, em função dos efeitos da pandemia de Covid-19, que obrigou o fechamento do comércio e o isolamento social durante um longo período. A retração no semestre só não foi mais intensa em função das vendas não presenciais (on-line)”, afirma Assumpção Jr.
 

AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES

Também sob efeito dos licenciamentos que ficaram represados de meses anteriores, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves somaram 122.772 unidades em junho pelos registros divulgados pela Fenabrave, um aumento de 116,8% sobre maio deste ano, mês que ainda teve uma base baixa para comparação, em função do fechamento da maior parte das concessionárias e Detrans em todo o País. Quando comparado com junho de 2019 (213.416 unidades vendidas), o resultado mostra queda de 42,5%.

No acumulado do primeiro semestre, os impactos da pandemia no segundo trimestre fizeram o resultado cair 39% sobre o mesmo período de 2019, com recuo de 1,25 milhão para 763,3 mil automóveis e comerciais leves comercializados na primeira metade do ano.

Segundo dados da Fenabrave, este foi o 19º pior resultado semestral do segmento de leves; e junho foi o pior na comparação com o mesmo mês de 21 outros anos. “Isso demonstra o retrocesso provocado pela pandemia e consequente fechamento das concessionárias”, reafirma Assumpção Jr.

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