Cummins investe em diversidade, inclusão e gestão de pessoas.

Apesar da pandemia, empresa vê importância em continuar os investimentos em questões humanas


GIOVANNA RIATO, AB

A crise provocada pela pandemia de Covid-19 acendeu nas empresas do setor automotivo o modo de sobrevivência: foco no caixa, na liquidez e no curtíssimo prazo. Ainda assim, a Cummins reservou parte dos esforços para investir em frentes que podem até soar menos urgentes, mas jamais menos importantes, como diversidade e inclusão e gestão de pessoas.

Quem fala a respeito é Adriano Rishi, diretor de engenharia da companhia para a América Latina e líder do comitê de diversidade e inclusão da empresa – um raro caso de um profissional da alta gestão de uma organização tão comprometido com a diversidade.

Na entrevista a seguir, ele fala sobre trabalho retomo, o esforço para evitar demissões, trata das iniciativas de inclusão no momento de pandemia e de como a Cummins tem trabalhado para acolher as novas demandas e necessidades dos colaboradores.

O longo prazo perde a relevância em um contexto de emergência, como o atual. Diante disso, como a Cummins tem trabalhado ações para promover a diversidade?

As ações de diversidade e inclusão ganham ainda mais relevância. Hoje boa parte de nossos colaboradores estão trabalhando em suas casas e a necessidade de que se sintam incluídos na comunidade do trabalho é ainda maior. Nossas ações de diversidade e inclusão seguem pautadas nos pilares de atração, desenvolvimento e retenção de talentos.

Temos adaptado várias das ações em cada um destes pilares para que possam ter o seu efeito mesmo durante o isolamento social. Entre alguns exemplos, temos investido nas mídias sociais para promover diversidade e inclusão. No pilar de desenvolvimento, temos utilizado ferramentas de conexão virtual para fazer mentorias. Em retenção, seguimos com as ações para desenvolvimento de carreira de maneira virtual.

Quando se trata de recursos humanos, quais são os maiores desafios que o atual momento impõe?

Os maiores desafios são de entender como o isolamento tem afetado cada um individualmente, em suas particularidades. Aqueles que vivem sozinhos enfrentam a solidão. Os que tem filhos pequenos têm tido dificuldade em se concentrar 100% no trabalho. Tudo isso tem um peso enorme no nosso bem-estar emocional e é um desafio muito grande conseguir apoiar a todos de maneira remota.

Como fica o trabalho de fortalecimento cultural e engajamento das equipes quando grande parte dos colaboradores estão em home office?

Muitos colaboradores da Cummins estão na empresa há anos, mas existem também os recém-contratados, que terão mais dificuldade para absorver a cultura organizacional. Nós mantivemos o nosso onboarding, processo de ambientação pelo qual todo novo funcionário passa, que tem duração de uma semana.

Sempre tivemos ótimos feedbacks do programa. Os relatos dos novos empregados é de que este processo acelera muito o aprendizado e entendimento da cultura da empresa. Agora o onboarding é totalmente virtual, mas com o mesmo conteúdo. Além disso, aumentamos a frequência de comunicação com todos os empregados e temos feito pesquisas frequentes com eles.

Foi preciso demitir? Como a empresa está adequando o volume de trabalhadores à demanda mais baixa?

Não demitimos, mas optamos por redução de jornada e salário entre 20 e 50%, de acordo com a demanda de cada área.

Como a companhia lida com as novas preocupações impostas pela pandemia, como o acolhimento às pessoas que são grupo e risco, o apoio a colaboradores que pegam muito transporte público, entre outros casos?

Tomamos todas as precauções necessárias desde a casa de cada colaborador até seus postos de trabalho em nossas instalações. Aumentamos o número de ônibus fretados para diminuir a concentração de pessoas pela metade. Nos casos em que o trabalhador usa o transporte público da sua casa até o ponto de parada do ônibus fretado, temos reembolsado o transporte particular.

Pessoas identificadas como grupo de risco pelo departamento médico estão em isolamento. Todas as medidas de distanciamento social e higienização foram tomadas para que o colaborador trabalhe em nossas dependências com a mesma segurança que teria isolado em sua casa.

A Cummins tem um amplo histórico de trabalho social. Quais atividades a empresa priorizou durante a pandemia?

Em um primeiro momento atuamos para atender as necessidades básicas da população que reside no entorno de nossas plantas, com doação de cestas básicas, incentivo a doação de sangue pelos nossos funcionários, campanha de conscientização para destinação do Imposto de Renda devido para os fundos sociais da cidade, além de doação de tecido e capacitação para confecção de EPIs.

Seguimos avaliando as necessidades para prover o fornecimento de alimentos e estamos estruturando nosso programa de voluntariado para atividades virtuais, desenvolvendo novos projetos e adequando os existentes para essa nova realidade.

A empresa inaugurou no Brasil o Cummins Powers Women. Qual é a expectativa para o programa no País?

Inicialmente estamos atuando em São Paulo e a nossa expectativa é promover a equidade de gênero buscando a transformação da sociedade. O programa “As Vozes das Adolescentes” consiste em um treinamento guiado, seguindo a metodologia da Rise-Up, ONG contratada pela Cummins e especialista no tema. Localmente o programa selecionará meninas de 13 a 18 anos que possuem uma causa e querem mudar a realidade de seu entorno e comunidade.

Qual será o legado desta pandemia do ponto de vista da diversidade e da gestão de pessoas na Cummins?

A pandemia vai reforçar a importância da diversidade e da inclusão. Um exemplo é que antes, em nossas reuniões globais, tínhamos um grupo de pessoas presente fisicamente em uma sala de reunião e outros se conectavam virtualmente. A participação daqueles que entravam on-line era mais complicada, com dificuldades para entrar na discussão.

Hoje, com todos participado remotamente das discussões, o esforço que cada um precisa fazer para a dinâmica da reunião fluir é o mesmo. Temos recebido o retorno de que é algo positivo, que garante uma condição mais igualitária.

Este é um dos exemplos de melhoria em termos de inclusão. Outro movimento importante é o interesse maior das pessoas em seus colegas. Temos começado os diálogos e reuniões com um interesse real no bem-estar dos demais, o que aproxima as relações humanas. A vulnerabilidade das várias pessoas que estão trabalhando em casa tem ajudado a quebrar barreiras, com mais empatia e respeito ao momento, às dificuldades e às particularidades de cada um.

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