Primeira previsão de exportações feita pela Anfavea após o impacto da pandemia de coronavírus é bem pouco ambiciosa

Vendas para o exterior somaram 119,5 mil veículos no primeiro semestre; previsão é chegar a 200 mil até dezembro


WILSON TOUME, PARA AB

Luiz Carlos Moraes, presidente da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, divulgou na segunda-feira, 6, que as empresas associadas somaram apenas 19,4 mil veículos exportados em junho. Apesar de o número representar um aumento de 401% em relação a maio, o setor não tem o que celebrar, já que o resultado foi negativo em 52% na comparação com junho do ano passado. No semestre, o resultado foi de queda de 46%, com 119,5 mil unidades vendidas a outros países.

Com desempenho tão ruim e sem perspectivas de melhora no curto prazo, a primeira previsão de exportações feita pela Anfavea após o impacto da pandemia de coronavírus é bem pouco ambiciosa: a entidade projeta não mais do que 200 mil unidades exportadas até o fim de 2020, número que não se via desde o início da década de 1990. Se esta estimativa se confirmar, as vendas do setor para o exterior terão queda de 53% em relação ao ano passado. A meta é tão baixa que bastará ao setor exportar 13,5 mil veículos por mês (em média) para alcançá-la.

Tamanha redução se deve não só aos efeitos da pandemia nos principais países para os quais o Brasil envia seus veículos, mas também a fatores econômicos, como os que prejudicam a Argentina, principal comprador de veículos brasileiros na região.

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, lembrou ainda que a defasagem tecnológica dos automóveis brasileiros – acentuada pela falta de investimentos provocada pela crise – não deverá prejudicar o comércio com países vizinhos, pois muitos deles possuem modelos ainda mais atrasados em termos de tecnologia do que o Brasil. Essa lógica, porém, não vale para um possível acordo com países europeus.

Em valores exportados, a redução projetada pela Anfavea é de 50%, com as montadoras faturando US$ 4,9 bilhões este ano, contra US$ 9,8 bilhões no ano passado.

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