Anfavea busca o adiamento da legislação do Proconve e do programa Rota 2030

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, diz que ambos precisam de altos investimentos e que isso é inviável no momento


PEDRO KUTNEY, AB

A associação dos fabricantes, a Anfavea, confirma que está na sua extensa lista de negociações com o governo o adiamento da próxima fase da legislação brasileira de controle de emissões (Proconve), bem como de metas regulatórias de eficiência energética e de segurança do programa Rota 2030. Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, não respondeu ao questionamento sobre de quanto tempo seria essa prorrogação de prazos.
 

Em entrevista a Automotive Business, Vilmar Fistarol, presidente da CNH Industrial América Latina, disse que o setor defende o adiamento por três anos do Proconve P8, a oitava fase do programa brasileiro de emissões para veículos pesados diesel, que a partir de 2022/2023 tornaria obrigatória a adoção de tecnologia Euro 6 para caminhões e ônibus no País com o objetivo de atender os limites propostos pela legislação. Também poderá ser prorrogado o L7 e L8, que limita as emissões de veículos leves a partir de 2022 e 2025, respectivamente.

A Anfavea também negocia a prorrogação das metas de eficiência energética e de adoção de sistemas de segurança que passariam a vigorar a partir de 2023, conforme o Rota 2030, programa do setor automotivo aprovado em 2018 que prevê três ciclos de desenvolvimento, em 2022, 2027 e 2032. A entidade também não confirma qual o tamanho do adiamento em negociação. Em entrevista a Automotive Business, Francisco Tripodi, da consultoria Pieracciani, disse que o setor estaria pleiteando a extensão de seis meses nos prazos do Rota 2030.

"A pandemia atrasou todo o trabalho de desenvolvimento que vinha sendo feito pelos times de engenharia nos laboratórios e em testes de campo. Por isso o cronograma já foi afetado. Também é necessário lembrar que esses programas representam investimentos altíssimos, que não podem mais ser feitos com a queda do faturamento das empresas e a impossibilidade neste momento de ajuda financeira das matrizes", justifica Luiz Carlos Moraes.

Segundo o dirigente, o setor discute o problema no momento com o governo para traçar os próximos passos. Ele ressalta, no entanto, que “não se trata de cancelamento, mas de adiamento” para atravessar o período mais difícil da crise.

“Nós defendemos os marcos regulatórios que nós mesmos ajudamos a criar. A questão do desenvolvimento tecnológico deve ser retomada no País, o que existe é um problema de falta de tempo e recursos momentâneo que temos de superar. Isso não significa fugir do desafio tecnológico que temos pela frente, até porque os avanços em emissões, combustíveis alternativos, eletrificação e sistemas de segurança avançados vieram para ficar. Só queremos ajustar o cronograma disso tudo”, relatou Moraes.
 

 

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