Levantamento da CNI aponta queda nas empresas exportadoras

Números indicam uma redução de 57% no faturamento dessas empresas


Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília

A pandemia do novo coronavírus reduziu o faturamento de 57% das empresas exportadoras em abril e maio, revelou levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O impacto foi maior nas importadoras e nas companhias que investem em países estrangeiros. Nessas categorias, 70% das companhias registraram queda no valor faturado.Levantamento da CNI aponta queda nas empresas exportadoras

Apesar da queda, os números indicam desaceleração no recuo. No levantamento anterior, que avaliou os meses de fevereiro e de março, 80% das empresas exportadoras tinham registrado diminuição no faturamento.

Em 42% das empresas afetadas, as vendas externas caíram para menos da metade de antes da pandemia de covid-19. Entre as importadoras, 26% relataram que estão comprando menos de 50% do que importavam antes da disseminação da doença.

Expectativas

A pesquisa também avaliou as expectativas dos empresários para os próximos 60 dias. Os números apontam continuidade no processo de recuperação, com 36% das exportadoras acreditando que serão afetadas negativamente, com a proporção repetindo-se entre as empresas importadoras e com investimentos no exterior.

Para a CNI, embora o comércio exterior tenha sido impactado pela pandemia, terá papel fundamental na retomada do crescimento econômico e na geração de emprego e renda. Na avaliação da entidade, a crise pode servir de oportunidade para a empresa brasileira reavaliar a estratégia e aumentar a internacionalização ao sair da pandemia.

Mercados

Em relação aos mercados de destino, 34% das exportadoras reduziram as vendas para a Argentina em abril e maio, 23% para a Bolívia e 21% para o Chile e os Estados Unidos. Em relação às importadoras, 58% das empresas diminuíram as compras da China, 29% reduziram as compras dos Estados Unidos. Segundo a CNI, os dois países são mercados estratégicos da indústria.

Entre as empresas que investem no mercado internacional, 70% informaram que reduziram a destinação de recursos para o exterior. A queda maior foi sentida nas remessas para a China (35%), os Estados Unidos (30%) e a Alemanha (13%). Na perspectiva para os próximos 60 dias, os maiores indicadores de retração também são registrados na China (44%) e nos Estados Unidos (31%).

Preocupações

As principais preocupações das empresas brasileiras com inserção internacional são a queda das exportações (24%) e da produção (19%). Em terceiro lugar vem o aumento do preço da matéria-prima (15%).

Entre as quase 200 empresas consultadas, 60% importam ou exportam produtos pelo mar. Para essa parcela, a maior dificuldade tem sido a redução na frequência de navios, apontada como um problema para 39%, seguido do encarecimento do frete (27%). Apenas 23% das empresas que usam o modal marítimo afirmaram não ter enfrentado problemas na pandemia.

Em relação ao transporte aéreo, usado por 43% das empresas de comércio exterior, a principal dificuldade foi o aumento no valor do frete, citado por 54% das empresas que recorrem ao modal. Em segundo lugar, está a redução na frequência de voos internacionais (37%). Somente 19% das empresas que transportam mercadorias por via aérea não relataram problemas.

O levantamento foi feito entre 2 e 10 de junho. A pesquisa avaliou os dados referentes a abril e maio de 197 de empresas brasileiras com inserção no mercado internacional – exportadoras, importadoras ou com investimentos no exterior.

Edição: Graça Adjuto

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