Importadoras revisam projeção e estimam queda nas vendas de 2020

Associadas da Abeifa estimam queda de 15% nas vendas de veículos


SUELI REIS, AB

As 15 associadas da Abeifa, associação que reúne importadoras e algumas fabricantes de veículos, revisa sua projeção para 2020 após consolidar queda de 24,3% das vendas no primeiro semestre quando comparado com o mesmo período do ano passado, para um total de 23,3 mil unidades, volume que considera a soma de modelos puramente importados e dos modelos produzidos no Brasil. A entidade agora espera encerrar 2020 com o licenciamento de 57,8 mil unidades, o que representará uma queda de 15% sobre o resultado de 2019, quando foram vendidos 67,6 mil.

Os dados mostram que do total emplacado no semestre, 11,8 mil foram produzidos em solo nacional, significando que a associação das importadoras já vende mais nacionais do que veículos trazidos de outros países. Os importados somaram 11,4 mil no período. Em termos de comparação com o ano passado, as vendas de nacionais caíram 18,7% e dos puramente importados recuou 29,2%.

Ao apresentar os números de mercado e as novas projeções, o presidente da entidade, João Oliveira, mostra a diferença brusca do desempenho das vendas no primeiro e segundo trimestres. No primeiro, quando ainda não havia impacto da pandemia do coronavírus, as vendas de veículos pela Abeifa estavam em alta de 7,4% com relação ao mesmo período do ano passado ao somar o emplacamento de 15,6 mil veículos.

“No geral, o mercado vinha se comportando mais ou menos como no início do ano passado e a nossa expectativa era de um potencial de crescimento das vendas de até 34% em 2020 e com um dólar estável na casa dos R$ 4,00”, comentou Oliveira.

No entanto, com a chegada da pandemia e com ela as medidas restritivas de isolamento, o comércio fechou e as vendas despencaram entre abril e junho, resultando em um primeiro semestre negativo.

"São os números que temos neste momentos, mas precisamos ver como os consumidores vão reagir aos novos preços que estão sendo corrigidos por causa da alta do dólar e com isso poderemos identificar se haverá a necessidade de uma nova revisão desta projeção", analisa o presidente da Abeifa.

Segundo o executivo, geralmente o estoque gira em torno de 60 dias de vendas, mas alerta que este perfil está mudando. “Hoje, o estoque com preços e dólar antigos não é maior do que o suficiente para 15 dias de vendas. A ponta [consumidor] já vai começar a sentir o aumento de preço”, observa.

Com relação à rede de concessionárias das marcas associadas, Oliveira diz que houve fechamentos pouco significativos em quantidade, sem revelar quantos foram. No entanto, alerta que há concentração em pontos comerciais em que a viabilidade começa a ficar abaixo do mínimo, o que pode fazer com que os empresários repensem a durabilidade e sustentabilidade do negócio.

Da mesma forma, ele diz que as associadas conseguiram manter os empregos ao utilizar as medidas de flexibilidade a partir da MP 936, embora admita que conforme os prazos limites da medida chegam ao fim, as companhias deverão pesar o quesito volume versus rentabilidade, o que poderá acarretar na necessidade de reestruturação e ajustes, o que pode incluir demissões.

Ao justificar essa possibilidade, Oliveira entende que a queda de quase 30% das vendas de veículos importados é expressiva e já traz a necessidade de ajustes no negócio do setor.

Em sua projeção, a Abeifa aponta que o dólar deve fechar 2020 em R$ 5,35 com média de R$ 5,10 no ano.

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