IHS Markit mantém previsão para venda de veículos leves em 2020

Já o segmento de caminhões tem projeção aumentada


PEDRO KUTNEY, AB

Faltando apenas um dia para encerrar julho e com 144 mil emplacamentos de veículos leves registrados até a quarta-feira, 29, a IHS Markit aponta que o desempenho do mês está em linha com suas previsões para 2020 e assim manteve a projeção feita ainda em abril de 1,86 milhão de automóveis e comerciais leves vendidos este ano, o que significa retração de 30% sobre 2019.

Notícias melhores vêm do segmento de caminhões acima de 6 toneladas de PBT, que fizeram a consultoria elevar em cerca de 8 mil unidades suas estimativas de vendas, lastreada na força constante do agronegócio que segue puxando as encomendas de modelos extrapesados para o transporte de grãos. Até junho a projeção era de que fossem vendidos 61,7 mil caminhões este ano em retração de 35% sobre 2019, mas agora a IHS Markit projeta 70 mil unidades, com redução da queda anual para 27,7%.

A atualização das projeções da IHS Markit foram feitas pelos consultores Fernando Trujillo (veículos leves) e Thiago Costa (caminhões) em entrevista da série AB Live na quinta-feira, 29.

" O mercado está se recuperando, o que é um bom sinal, mas sem melhoras além do projetado. Vamos fechar o mês entre 160 mil e 162 mil veículos leves (emplacados). Nossa projeção era de 159 mil, então está muito próximo. É improvável que nos próximos meses as vendas sejam menores do que em julho. Estimamos uma recuperação de 10 mil unidades a mais por mês até o fim do ano, um pouco mais em dezembro, para atingir nossa previsão de 1,86 milhão em 2020", avalia Fernando Trujilo.

A previsão da IHS Markit de produção de veículos leves este ano também ficou estável, com estimativa de 1,87 milhão de unidades fabricadas no Brasil, em queda de 33% sobre 2019. “Como quase todos os carros produzidos são para o próprio mercado interno e as exportações estão prejudicadas pela queda em outros países, a retração da indústria acaba sendo muito parecida com a das vendas domésticas”, explica Trujillo.

Para 2021 as projeções da consultoria para automóveis e utilitários leves também permaneceram inalteradas, com estimativa de venda de quase 2,3 milhões, alta de 23% sobre 2020, e produção de 2,4 milhões, crescimento de 29% na comparação com este ano.

CAMINHÕES VIVEM EM DOIS MUNDOS OPOSTOS

No mercado de caminhões acima de 6 toneladas existem duas forças diametralmente opostas: enquanto o desempenho expressivo do agronegócio puxa para cima as vendas de modelos pesados, a expectativa de queda de renda e consumo empurram para baixo as compras de modelos médios e leves.

"Diminuímos a projeção de queda e subimos a expectativa de vendas entre 8 mil e 10 mil unidades para este ano, mas essa melhora foi puxada só pelos caminhões pesados, o agronegócio é o grande impulsionador, com mercado de grãos muito promissor para os próximos meses. Já para modelos médios a situação é diferente, a expectativa de investimento em novos caminhões não é boa, porque os dados econômicos de aumento do desemprego e queda da renda impactam o consumo para baixo", explica Thiago Costa.

A projeção de produção de caminhões no País também foi aumentada pela IHS Markit em proporção parecida com a das vendas domésticas. A consultoria estima que sejam produzidos este ano 82,4 mil modelos acima de 6 toneladas, o que corresponde a queda de 26,7% - melhor do que a estimativa anterior de 77,2 mil unidades e retração de 31%.

Em função da aceleração mais rápida que a esperada do mercado nacional de caminhões este ano, as estimativas para 2021 foram revisadas para baixo. Agora a IHS Markit projeta mercado total de quase 76 mil modelos acima de 6 toneladas (em vez de 80 mil previstos antes), em pequena alta de 8% ante 2020, principalmente por causa da esperada baixa mais acentuada nas vendas nos segmentos de médios e leves que não será totalmente compensada pela maior demanda pelos pesados.

Para a produção a expectativa é de 105,5 mil caminhões em 2021, crescimento de 28%, mas o número é 5,5 mil mais baixo do que era projetado antes, porque não se espera por recuperação mais rápida dos principais mercados de exportação dos caminhões brasileiros.
 

ARGENTINA MELHORA, MAS DEPRESSÃO CONTINUA

A IHS Markit melhorou suas perspectivas de vendas e produção na Argentina em 2020 e 2021, mas mesmo assim os volumes seguem muito baixos, acompanhando a profunda depressão que tomou conta do país vizinho já antes da pandemia, que só aprofundou seus efeitos.

Para veículos leves, a estimativa é de mercado interno de 295,5 mil unidades, em queda de 33,5% sobre 2019 – a expectativa um mês antes era de 252 mil carros. “Essa melhora não ocorre porque a economia melhorou, mas porque em épocas de inflação alta e recessão os argentinos compram bens para proteger seus recursos. É o que está acontecendo agora”, explica Trujillo.

Mas esse fôlego dura pouco, por isso a estimativa para 2021 é de crescimento tímido do mercado argentino de veículos leves, apenas 1,4%, para cerca de 300 mil unidades.

Graças à recuperação esperada no Brasil, principal mercado de exportação dos carros feitos na Argentina, a perspectiva da IHS Markit aponta para a produção de 253 mil unidades este ano, queda de 24,3%, e 347 mil em 2021, em importante alta de 37%. Ambos os números, no entanto, são parecidos com os divulgados há um mês.

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