Petrobras registra prejuízo no segundo trimestre de 2020

Apesar do resultado, a petrolífera teve uma melhora expressiva ante o prejuízo recorde de R$ 48,523 bilhões registrados nos três primeiros meses deste ano


Petrobras informou no dia 30 de julho (quinta-feira) que registrou prejuízo de R$ 2,713 bilhões no segundo trimestre de 2020. A petrolífera teve uma melhora expressiva ante o prejuízo recorde de R$ 48,523 bilhões registrados nos três primeiros meses deste ano, na comparação mensal.

— Os preços do petróleo Brent que eram de US$ 65 por barril em fevereiro despencaram para US$ 19 em abril de 2020 devido à contração de 25% na demanda global, ameaçando uma parada súbita nos fluxos de caixa, e eclosão de uma crise global de saúde causou uma recessão global profunda e sincronizada que afetou severamente a indústria global de óleo e gás — disse o presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, em mensagem no balanço.

Ebitda ajustado — No segundo trimestre de 2020, o Ebitda ajustado caiu 33% quando comparado ao primeiro trimestre de 2020, atingindo R$ 25 bilhões. Além da queda de 29% no Brent em reais, a alta volatilidade do mercado de óleo e gás e a contração da demanda global levou à redução nas margens de óleo e derivados. O volume de vendas também foi impactado negativamente.

Também contribuíram para esse resultado despesas relacionadas ao provisionamento dos planos de demissão voluntárias (R$ 4,8 bilhões) e despesas com hedge (R$ 2,7 bilhões). Por outro lado houve ganhos com: (i) a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins após ganho judicial (R$ 7,2 bilhões) e (ii) a equalização relativa aos AIPs da área de Tupi e dos campos de Sépia e Atapu (R$ 4,4 bilhões).

Lucro líquido atribuível aos acionistas Petrobras — Foi apresentado uma perda líquida de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre de 2020, uma melhora ante o prejuízo de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre de 2020, principalmente devido à ausência de impairments no trimestre e ao ganho proveniente da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins após decisão judicial favorável, que teve um efeito de R$ 10,9 bilhões no resultado . Excluindo esses fatores, o resultado teria sido pior devido aos impactos da Covid-19 em nossas operações, com reflexo nos preços, margens e volumes.

Fluxo de caixa — O fluxo de caixa operacional totalizou US$ 13,2 bilhões no primeiro semestre de 2020 – US$ 5,5 bilhões no segundo trimestre de 2020 — contra US$ 9,9 bilhões no primeiro semestre de 2019. O fluxo de caixa livre alcançou US$ 8,9 bilhões no primeiro semestre de 2020 ante US$ 6,3 bilhões um ano atrás.

Mesmo em um cenário desafiador como o segundo trimestre de 2020, a Petrobras conseguiu apresentar sólidos resultados em função de decisões ágeis tomadas logo no início da crise. A companhia fechou o trimestre com Ebitda recorrente de US$ 3,4 bilhões e fluxo de caixa livre de US$ 3,0 bilhões. Números que mostram que, mesmo com redução de 42% no preço do barril de petróleo (Brent) e queda na demanda interna por derivados no período, a companhia seguiu firme em sua operação e com caixa para garantir sua liquidez.

Ambos indicadores são acompanhados atentamente pelo mercado como bons indicativos da saúde financeira da companhia. O Ebitda serve para analisar o resultado operacional de uma companhia ao longo do tempo. Ele é importante porque retira o efeito dos juros, impostos, depreciação e amortização do lucro líquido, facilitando a comparação de resultado entre companhias, uma informação fundamental que auxilia na tomada de decisão de potenciais investidores. Já o fluxo de caixa livre é o saldo de caixa — resultante da diferença entre geração operacional e os investimentos do período — usado para fazer frente às obrigações financeiras e potenciais dividendos. Além disso, é fundamental para a desalavancagem de qualquer companhia.

De acordo com a Petrobras, o resultado líquido da companhia reflete também o impacto da crise, das indenizações dos Programas de Desligamento Voluntário (PDVs) e Programa de Aposentadoria Incentivada (PAI) e do resultado financeiro, com prejuízo líquido recorrente de US$ 2,5 bilhões.

Nesse cenário desafiador, a Petrobras conseguiu fechar o trimestre com uma dívida bruta de US$ 91,2 bilhões, um aumento de apenas US$ 2,0 bilhões em relação ao trimestre anterior. Esse movimento foi importante para reforçar o caixa e garantir liquidez para enfrentar esse momento de maior volatilidade. — A partir do segundo semestre, a companhia já começa o pré-pagamento de linhas de crédito rotativas para que o caixa se aproxime aos patamares pré-crise. No dia 27 de julho (segunda-feira), por exemplo, realizou o pré-pagamento de US$ 3,5 bilhões, do total de US$ 8 bilhões das linhas de crédito compromissadas — disse a companhia.

— Nossa capacidade de reação e nossa estratégia têm se mostrado eficazes no enfrentamento dessa crise e da consequente recessão global. Seguiremos trabalhando e tomando as decisões necessárias para tornar a Petrobras uma empresa ainda mais resiliente e geradora de valor — comentou a diretora Executiva Financeira e de Relacionamento com Investidores, Andrea Almeida, em vídeo divulgado para investidores.

A performance operacional da companhia segue elevada apesar dos efeitos da pandemia.

Investimentos — No segundo trimestre de 2020, os investimentos totalizaram US$ 1,9 bilhão, 20% abaixo do primeiro trimestre de 2020, devido à desvalorização do real e ao ajuste feito no ano por conta da pandemia. Mais de 70% correspondem a investimentos em crescimento (growth).

— Os investimentos em crescimento são aqueles com o objetivo principal de aumentar a capacidade de ativos existentes, implantar novos ativos de produção, escoamento e armazenagem, aumentar eficiência ou rentabilidade do ativo e implantar infraestrutura essencial para viabilizar outros projetos de crescimento. Inclui aquisições de ativos/empresas e investimentos remanescentes em sistemas que entraram a partir de 2018, investimentos exploratórios, e investimentos em P&D. Já os investimentos em manutenção (sustaining) têm como objetivo principal a manutenção da operação dos ativos já existentes, ou seja, não objetivam aumento de capacidade das instalações. Inclui os investimentos em segurança e confiabilidade das instalações, projetos de poços substitutos, desenvolvimento complementar, investimentos remanescentes em sistemas que entraram antes de 2018, paradas programadas e revitalizações (sem novos sistemas), sísmica 4D, projetos de SMS, trocas de linha, infraestrutura operacional e TIC— explicou a Petrobras.

Exploração e Produção — No segundo trimestre de 2020, os investimentos no segmento de Exploração e Produção totalizaram US$ 1,6 bilhões, sendo aproximadamente 75% em crescimento. Os investimentos concentraram-se principalmente: (i) no desenvolvimento da produção em águas ultra-profundas do pólo pré-sal da Bacia de Santos (US$ 0,8 bilhão); (ii) investimentos exploratórios (US$ 0,2 bilhão) e (iii) desenvolvimento de novos projetos em águas profundas (US$ 0,2 bilhão).

Refino — No segmento de Refino os investimentos totalizaram US$ 0,2 bilhão no segundo trimestre de 2020, sendo aproximadamente 60% investimentos em crescimento. Já no segmento Gás e Energia os investimentos totalizaram US$ 0,1 bilhão no segundo trimestre de 2020, sendo aproximadamente 85% investimentos em crescimento.

Mais transparência nas métricas de sustentabilidade — Algumas iniciativas que dão mais transparência às metas da companhia em Environmental, Social, and Governance – ESG (Fatores de Desempenho Ambiental, Social e de Governança Corporativa) foram destaque nesse trimestre. Entre elas estão o apoio da Petrobras ao Task Force for Climate-related Financial Disclosures – TCFD (Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima), uma iniciativa do Financial Stability Board (Conselho de Estabilidade Financeira) do G20, e a atualização do Caderno do Clima.

Publicidade