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Mercado de veículos usados entra em passo acelerado de recuperação

Em julho as transferências cresceram em torno de 50% em todos os segmentos


PEDRO KUTNEY, AB

Depois da queda abrupta dos negócios em abril, primeiro mês inteiro sob impacto das restrições trazidas pela pandemia de coronavírus, o mercado de veículos usados entrou em passo acelerado de recuperação. Julho não foi diferente, com crescimento sobre junho na casa de 50% das transferências em todos os segmentos, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas.

A Fenauto, federação que reúne os revendedores independentes de veículos, estima que com a reabertura da maioria das lojas no País e a retomada dos negócios, em breve os números de negociações de usados devem voltar a níveis parecidos com os de janeiro e fevereiro, antes das restrições causadas pela Covid-19, segundo avalia o presidente da entidade, Ilídio dos Santos.

“A persistir esse movimento positivo da retomada de negócios, teremos alcançado o patamar normal verificado antes da pandemia, ainda neste mês de agosto. Estamos atentos à movimentação da economia com a flexibilização da quarentena e a retomada gradual das atividades normais do mercado”, diz Ilídio dos Santos.

VEÍCULOS LEVES USADOS

Segundo números divulgados na terça-feira, 4, pela Fenabrave, que reúne os distribuidores franqueados pelas montadoras, as negociações de automóveis de comerciais leves usados totalizaram 834 mil unidades em julho, o que representou alta de 52,6% sobre junho, mas ainda em retração de 17,3% em relação ao mesmo mês de 2019. Em sete meses, as 4,2 milhões de transferências de veículos leves estão 32% abaixo das registradas no mesmo intervalo do ano passado.

A relação de veículos leves usados negociados para cada zero-quilômetro emplacado em julho chegou a cinco para um. Antes da crise, esse índice girava em torno de três a quatro, o que evidencia que o mercado de usados está se recuperando mais rapidamente que o de novos. Contudo, também existe nesse desempenho um certo represamento de transferências de meses anteriores, que foram feitas após a reabertura dos Detrans.

“O mercado esteve bastante ativo no mês passado. Observamos a regularização de parte das transferências de titularidade que estavam paradas nos Detrans, o que contribuiu para o aumento de volume de transações este mês. O mercado está se ajustando, tanto para veículos novos como para usados. Um fator que também contribuiu para o resultado foi a melhora na oferta de crédito”, avalia Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave.

CAMINHÕES E ÔNIBUS USADOS

O mercado de caminhões e ônibus usados também esteve aquecido em julho. Especificamente para caminhões, as transações mostram aceleração mais rápida do que em outros segmentos, parecem acompanhar de perto o desempenho positivo do segmento de novos que vem se descolando da crise mais rapidamente.

Em julho foram negociados 32.447 caminhões usados, na relação estável de 3,4 para cada novo vendido. O movimento do mês foi 46,3% acima do registrado em junho e apenas 4,7% do verificado em julho de 2019. No acumulado de sete meses as transferências somaram 149.489, em retração de 27,8% na comparação com idêntico período do ano passado – ainda assim, uma baixa menor do que a observada em outros segmentos.

O mercado de ônibus usados, com 2.887 transferências em julho, também mostra recuperação mais rápida do que de novos. Os negócios no mês cresceram 65,8% sobre junho, mas ainda estão 33,6% abaixo do registrado em julho de um ano antes. No acumulado de 2020, foram negociados 16.762 ônibus de segunda-mão, ainda em forte retração de 43% sobre os mesmos sete meses de 2019.

REAÇÃO NO MERCADO DE MOTOS USADAS

As negociações de motos usadas também demonstram rápida reação, com 255.361 transferência em julho, em forte alta de 56,7% ante junho e pequena baixa de 5,2% sobre o mesmo mês de 2019. Na soma de sete meses foram negociadas 1,22 milhão de unidades, o que representa baixa de 27,6% na comparação com igual intervalo do ano passado.

Em julho a relação de motos usadas negociadas para cada nova cresceu de 2,7 para um em janeiro para três agora, indicando que o mercado de usados assumiu parte da carência de modelos zero-quilômetro de baixa cilindrada, que estão em falta em algumas concessionárias do País por causa da paralisação da produção em Manaus (AM), que durou de dois a três meses, dependendo da fabricante.
 

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