Cenário do mercado automotivo continua incerto

Produção volta a crescer mas ainda não há como fazer novas projeções para o futuro


WILSON TOUME, PARA AB

Em julho a indústria automotiva voltou a contar com a produção de todas as fábricas de veículos, após a parada provocada pela pandemia em abril e maio, com retomadas parciais em junho. Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, observou que as empresas retornaram em outra velocidade, mais lenta, para atender os novos protocolos de saúde (maior distância entre os funcionários, exigência de troca de máscaras, limpeza constante das mãos etc.).

Foram produzidos 170,3 mil veículos em julho, o que representou aumento de 73% em relação a junho, quando somente 98,4 mil unidades deixaram as linhas de montagem. Mas as montadoras registraram redução de 36,2% na comparação com as 267 mil unidades construídas no mesmo mês de 2019. Já no acumulado de janeiro a julho o total fabricado foi de apenas 899,6 mil veículos, o que significa queda significativa de 48,3% quando comparado ao mesmo período do ano passado, que foi de 1,74 milhão.

Diante de números tão preocupantes, o presidente da Anfavea disse que o cenário ainda está nebuloso e que não permite enxergar o horizonte com clareza. Assim, a entidade preferiu manter a projeção de produzir apenas 1,63 milhão de unidades este ano, o que significa queda de 45% em relação ao ano passado.

O segmento de carros de passeio e comerciais leves foi o que registrou o maior crescimento no mês (73%). Já o setor de caminhões e ônibus apresentou evolução mensal menor (22,3%), mas isso se deve ao fato de as montadoras desse segmento terem voltado a produzir antes das demais.

Durante a apresentação dos resultados da Anfavea, chamou a atenção o baixo nível de veículos disponíveis nos estoques. Foram 138,3 mil unidades em julho, contra 157,6 mil em junho. Isso corresponde a 24 dias de vendas no ritmo de julho, ante 27 dias em junho. Antes da pandemia, este índice sempre girava acima de 35 dias de estoque.

De acordo com Moraes, a redução nos estoques se deve à adequação causada pela paralisação da produção em abril e maio e o retorno mais lento das fábricas em junho e julho, que ainda não foi suficiente para atender toda a demanda e provoca até a falta de alguns modelos específicos para pronta entrega. "No início da crise ficamos com estoque suficiente para o equivalente a quatro meses de vendas (se o ritmo continuasse tão baixo), mas depois as empresas conseguiram reduzir esses volumes com a abertura gradual das concessionárias e dos Detrans que voltaram a emplacar os carros vendidos", explicou.

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