EBRASIL planeja expansão de seus negócios no Nordeste

Após inaugurar térmica, companhia fala sobre seus futuros planos, como por exemplo a ligação do navio regaseificador Golar Nanook com o gasoduto da TAG


Um dos grandes eventos desta semana foi a inauguração da usina termelétrica (UTE) Porto de Sergipe I, em Barra dos Coqueiros, um empreendimento construído pela EBrasil e a Gollar Power. A planta de 1500 MW de capacidade de geração conta ainda com o navio regaseificador Golar Nanook, que abastece a usina com gás natural. Para conhecer os próximos planos da EBrasil, conversamos com o diretor de novos negócios do grupo, Richard Kovacs. Ele falou sobre o interesse da empresa em expandir o tamanho de seu cluster energético no Nordeste. “Já possuímos licenças ambientais prévias para participar dos leilões de energia nova. Mas é importante salientar que a implantação dessas novas usinas dependerá das demandas por energia nos próximos leilões”, explicou. Além disso, Kovacs, que também é presidente da EBrasil LNG, comentou ainda sobre os planos de ligar o Golar Nanook até o gasoduto da TAG. “Vamos fazer tudo o que está ao nosso alcance para viabilizar essa conexão. Mas dependemos de algumas variáveis que não estão ao nosso alcance. Existem questões regulatórias que precisam ser endereçadas e a Nova Lei do Gás irá nos auxiliar nisso”, disse.

Gostaria de começar a entrevista pedindo para que o senhor faça um balanço desses primeiros meses de operação da UTE Porto de Sergipe I.

Com a queda da demanda por energia, devido à Covid-19, praticamente não ocorreu despacho por mérito da planta. Mesmo assim, importamos as primeiras cargas de GNL para comissionamento da usina. Estas foram as primeiras cargas realizadas por uma empresa privada no país. Isso inaugura uma nova era no mercado de gás brasileiro. Sem dúvida, é um marco para o setor energético brasileiro.

Qual é a expectativa com a usina quando superamos a pandemia e a demanda voltar a crescer?

A Celse vem para contribuir com um balanço energético saudável, principalmente para a região Nordeste, devido à presença de fontes intermitentes, como as eólicas. Estamos falando de uma térmica de 1.500 MW, com um custo de despacho muito baixo. É uma energia firme e muito barata.

Poderia explicar com conseguiram alcançar esse baixo valor de despacho?

Para viabilizar o projeto Porto de Sergipe I, tivemos que desenvolver o primeiro terminal de regaseificação privado do Brasil. Esse é o primeiro modelo de térmica LNG to power do mundo. Esse será um passo muito importante para a EBrasil se posicionar nesse Novo Mercado de Gás.

Como o mercado ainda é fechado antes dessa Nova Lei do Gás, que está para ser aprovada – e eu espero que seja -, achar um suprimento firme de gás não era uma tarefa simples. Por isso, precisamos desenvolver um terminal. Dessa maneira, viabilizamos a importação de GNL.

Para ter uma referência de grandes números e entender o quão barato é a energia da Celse, estamos falando de uma planta que custa um terço de uma planta a óleo. Nosso preço é muito baixo. Isso sem contar que temos equipamentos mais eficientes do mundo em termogeração, um ciclo combinado com 62% de eficiência. Então, aliamos uma solução logística inovadora com equipamentos de ponta de última geração, um casamento perfeito.

Poderia nos falar sobre quando poderá ocorrer a decisão de ligar o Golar Nanook até o gasoduto da TAG?

Nós entendemos que a conexão do terminal à TAG é fundamental para a segurança energética do país e para o desenvolvimento Nordeste. Vamos fazer tudo o que está ao nosso alcance para viabilizar essa conexão. Mas dependemos de algumas variáveis que não estão ao nosso alcance. Existem questões regulatórias que precisam ser endereçadas e a Nova Lei do Gás irá nos auxiliar nisso. O que podemos falar, nesse momento, é que estamos empenhados em fazer os melhores esforços para viabilizar essa conexão.

O gás é um importante produto indutor de desenvolvimento econômico e do parque industrial. Eu diria que a região da UTE Porto de Sergipe I poderá se transformar em um polo energético. E quando digo isso, não estou falando só de geração de energia elétrica. Mas estou me referindo à possibilidade da instalação de novos empreendimentos intensivos em consumo de gás. O suprimento de gás é essencial para o desenvolvimento da indústria no Brasil e no mundo.

No evento de inauguração dessa semana, o presidente da Celse, Pedro Litsek, mencionou que os acionistas estão capitaneando uma expansão do cluster energético da empresa no Nordeste. Poderia detalhar um pouco mais esse processo?

É exatamente isso que o Pedro colocou. O complexo termelétrico tem capacidade para receber mais uma usina do porte da Celse. Já possuímos licenças ambientais prévias para participar dos leilões de energia nova. Mas é importante salientar que a implantação dessas novas usinas dependerá das demandas por energia nos próximos leilões.

O setor de gás vive a expectativa da aprovação da Nova Lei do Gás. Gostaria de ouvir sua opinião sobre o Projeto de Lei e sua avaliação sobre os efeitos dessa proposta para o mercado.

O Projeto de Lei é parte integrante e muito importante do processo de abertura do mercado que está sendo discutido desde 2016, através da iniciativa Gás para Crescer, e agora com o programa do Novo Mercado de Gás. A aprovação do PL é essencial para dar segurança jurídica para os investimentos privados no mercado de gás, que são muito vultuosos e com prazo de recuperação de muitos anos. Nessa nova visão de mercado, que deve gerar mais diversificação de agentes e mais competitividade, os investimentos privados serão essenciais. Neste sentido, o PL sinaliza quais serão as regras básicas para os participantes do mercado.

Mas mesmo após a aprovação da lei, haverá muito trabalho para regulamentar e operacionalizar a lei, principalmente pela ANP e as agências estaduais. Esse processo deve demandar alguns anos. Mas ter a lei dará muito mais segurança jurídica e direção para os próximos passos. Estamos otimistas que o mercado de gás será muito diferente dentro de três ou quatro anos.

O projeto Porto de Sergipe I é emblemático na Nova Lei do Gás. Tivemos um desafio muito grande de encontrar a solução de suprimento, como comentei anteriormente. Daqui para frente, as possibilidades serão melhores. Teremos novos players no mercado.

Ainda falando de fornecimento, existem descobertas de gás natural da Petrobrás no offshore de Sergipe que podem abrir um novo horizonte de possibilidades?

Sem dúvida. Eu acho que o suprimento de gás natural será um misto de gás natural offshore com GNL. O GNL tem uma capacidade de suprir uma demanda de ponta e o gás natural viria como base. É importante ter as duas fontes.

Publicidade