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CEO da Nissan no Brasil nega desinvestimento no país

Assunto foi levantado devido as demissões de funcionários e encerramento da produção do March na planta de Resende


PEDRO KUTNEY, AB

Algumas notícias seguidas sobre a operação da Nissan no Brasil indicam redução drástica das atividades e investimentos. Primeiro, há cerca de dois meses, a empresa anunciou a demissão de 398 funcionários e o fechamento do segundo turno na fábrica de Resende (RJ) , passando a trabalhar em apenas um. Foi a primeira montadora no País a demitir pelo impacto da pandemia de coronavírus, tomando a decisão antes mesmo do fim do período de estabilidade após a adoção do regime de afastamento temporário emergencial dos empregados. Agora, esta semana, a fabricante confirmou que a partir de setembro não produzirá mais o compacto March na unidade – o modelo inaugurou em 2014 a produção da planta brasileira, mas vinha importado do México desde 2011.

Antes ainda da decisão de parar de fazer o March no País, desde o ano passado já se sabia que outro modelo ainda produzido em Resende, o sedã compacto Versa em sua nova geração passaria a ser importado do México ABPlanOn. O novo carro, maior e com novo design, chega ao mercado brasileiro entre setembro e outubro, enquanto a antiga geração segue em produção aqui rebatizado como Versa V-Drive.

Com isso, a Nissan produz agora apenas dois modelos em Resende: além do V-Drive, o SUV compacto Kicks, seu campeão de vendas no País, lançado em 2016 e que deve ser renovado em 2021.

Apesar da desaceleração, Marco Silva, CEO da Nissan no Brasil, negou que esteja em curso qualquer intenção de desinvestimento no País. Em entrevista no #ABPlanOn na sexta-feira, 28, o executivo sublinhou que as medidas recentes de redução de um turno em Resende e o fim da produção do March no Brasil “são ajustes de curto prazo diante de uma situação sem precedentes, para adequar a fábrica à demanda que infelizmente não está voltando na mesma velocidade que caiu”, disse.

"De forma alguma (as medidas recentes significam desinvestimentos). Só temos de adequar a questão de curto prazo. No futuro com certeza novos investimentos virão. Mas temos de nos manter competitivos para poder ganhar novos projetos que são disputados por vários outros países que têm processos produtivos tão bons quanto os nossos", afirmou Marco Silva.

A QUEDA DO MARCH

Já há cerca de três anos o compacto March vinha perdendo relevância no mercado brasileiro, que mudou o foco para modelos mais caros, especialmente SUVs, que já respondem por um quarto das vendas de veículos no Brasil.

Este ano, de janeiro a julho foram emplacados 2,2 mil March, o que correspondeu a apenas 6,7% das vendas no mesmo período da Nissan, que já há alguns anos se consolidou como décima marca de veículos leves mais vendida do País.

Em 2019 o desempenho do March também não foi bom: com 6,9 mil emplacamentos, representou 7% das vendas da Nissan, não figurou nem entre os 50 carros mais vendidos do País e registrou volume 42% inferior às 11,9 mil unidades emplacadas em 2018. O declínio comercial acentuado nos últimos anos, acentuado pelo impacto da pandemia, acabou ppor decretar o fim da história do hatch no País.

Na quinta-feira, 27, a montadora enviou a alguns veículos uma nota oficial sobre o fim da produção do hatch no Brasil: “Como parte natural do ciclo de vida do produto e para a adequação de sua capacidade de produção à realidade do mercado, a Nissan decidiu encerrar a fabricação do March em seu Complexo Industrial de Resende. A Nissan assegura que mantém inalterado todos os serviços de manutenção e reposição de peças para os proprietários das diferentes versões do modelo, que teve uma longa trajetória de sucesso no país”.
 

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