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Falta de competitividade piora o cenário de exportações automotivas

Agosto registra leve queda mas cenário pode piorar devido ao "custo Brasil" nas exportações


WILSON TOUME, PARA AB

De acordo com os números divulgados pela Anfavea na sexta-feira, 4, as montadoras exportaram o total de 28.126 veículos em agosto, número ligeiramente inferior ao registrado em julho (29.126), o que representa redução de 3,4%, interrompendo assim a recuperação que vinha sendo observada mês a mês. Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, esse desempenho se deveu, basicamente, aos veículos enviados para o exterior para cumprir os contratos que já haviam sido assinados e cujas entregas estavam atrasadas devido à interrupção das atividades provocada pela pandemia.

Em relação a agosto de 2019, quando foram exportadas 36.717 unidades, a retração é bem maior, de 23,4%, e a situação fica ainda pior ao se analisar os dados do acumulado do ano. Em 2019, 300.859 veículos produzidos no Brasil foram vendidos a países estrangeiros entre janeiro e agosto, enquanto no mesmo período deste ano o total é de apenas 176.746 automóveis, representando queda de 41,3%.

Em valores, a redução no acumulado foi de 36,4%, com vendas de US$ 6,8 bilhões em 2019 e de US$ 4,3 bilhões neste ano. Moraes voltou a explicar que os principais países compradores de automóveis brasileiros estão enfrentando dificuldades com a Covid-19 e isso afeta o ritmo das exportações para esses mercados. Mas esse não é o único problema.

FALTA DE COMPETITIVIDADE PIORA O CENÁRIO PARA EXPORTAÇÕES

O presidente da Anfavea aproveitou a apresentação para retomar o tema da falta de competitividade dos produtos nacionais por conta do chamado “custo Brasil” e exemplificou mostrando que, em 2019, os automóveis fabricados no País representaram apenas 11,4% do total de veículos vendidos na América Latina – excluindo México e Argentina. “Embora o Brasil tenha nos países latino-americanos o seu principal mercado de exportação, a presença de nossos veículos nesses mercados é muito pequena”, destacou Moraes. “Eu acredito que a nossa indústria precisa ter de 30% a até 50% de sua produção destinada à exportação, mas isso não é possível, não por falta de produtos, de capacidade produtiva e muito menos qualidade, e sim por conta da baixa competitividade”, afirmou.

Assim como fez na entrevista on-line durante o #ABPLanOn, Moraes explicou que a anunciada queda na produção mundial – que segundo alguns analistas pode passar dos 91 milhões de veículos fabricados em 2019 para cerca de 70 milhões este ano – vai provocar uma enorme ociosidade das fábricas em todo o planeta. “Se a gente já tinha dificuldade de exportação por causa do custo Brasil, nós vamos ter de brigar ainda mais, porque as fábricas de outros países, mais competitivos e que não enfrentam os obstáculos que temos por aqui, terão mais chances de exportar, inclusive para a América Latina”, alertou.

O presidente da Anfavea afirmou ainda que a entidade está trabalhando, em conjunto com outras associações e o governo, para apresentar propostas e soluções que possam ser implementadas rapidamente, a fim de reduzir o problema e aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

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