Instituto da Qualidade Automotiva debate o futuro da qualidade automotiva em tempos de pandemia

Para diretor do IQA, adoção da transformação digital passa primeiro pela transformação cultural


SUELI REIS, AB

O Instituto da Qualidade Automotiva – IQA – reuniu seus especialistas e convidados da indústria para debater os rumos da qualidade em tempos de pandemia, como forma de ajudar a dar novas respostas para o setor que está em plena transformação. O evento denominado Trilha da Qualidade Automotiva foi realizado de forma totalmente online na manhã da terça-feira, 22, e contou com três painéis de discussão.

Na abertura, o diretor executivo do IQA, Cláudio Moyses falou sobre os impactos que a pandemia trouxe no âmbito do trabalho do instituto, que mesmo com a urgência de adotar o home office para toda a equipe inicialmente, conseguiu dar continuidade aos processos. Segundo o executivo, o resultado foi a aceleração digital dos processos, de forma que no período lançou as primeiras auditorias virtuais.

Para o diretor do IQA, o grande desafio atual está em primeiro entender o problema que acerca a qualidade automotiva como um todo e responder a este problema de forma eficaz e acertada: “Temos uma indústria 3.0 que está em transformação para a 4.0, mas falta integração digital e colaboração dentro desta nova cultura. Precisa transformar processos e pessoas e é aí que entra papel do gestor, de focar na transformação cultural”, alertou.

O superintendente da entidade, Alexandre Xavier reforçou que embora a equipe esteja voltando aos poucos para o escritório após longo período de trabalho remoto, nenhum processo de certificação deixou de ser feito.

"Houve um aumento importante de aceitação de certificações remotas, que é um pilar fundamental para a estratégia dos próximos anos com a transformação digital. Acredito que no pós-pandemia será um modelo híbrido de atuação", comenta Alexandre Xavier

No segundo painel, os convidados falaram sobre como os diferentes elos da cadeia de valor entenderam e responderam às novas demandas e necessidades dos últimos meses. O diretor executivo do Sindirepa, Luiz Sérgio Alvarenga, destacou como as oficinas conseguiram se erguer mesmo em meio a quarentena e isolamento social, medidas que derrubaram os negócios e as vendas: alternativas como leva e traz, no qual o cliente não precisava ir até a oficina, foi uma das soluções encontradas.

“No conjunto da obra, o setor teve retomada muito rápida, até porque foi considerada pouco tempo depois como uma das atividades essenciais”, disse Alvarenga.

Por sua vez, Alexandre Bruno Kosima, chefe do departamento de processos e TPS da Toyota do Brasil, destaca que a pandemia mostrou múltiplas oportunidades de melhoras de processos, contando com a ajuda dos próprios funcionários, ao ajustar suas rotinas de trabalho com a adoção das medidas de prevenção nas fábricas.

O diretor de qualidade da ZF, Marcelo Oliveira falou da importância da comunicação entre empresa e empregado para manter o ambiente de trabalho saudável e ao mesmo tempo tentar aliviar a tensão criada com a pandemia. Além disso, a retomada já indica um novo crescimento do mercado para os próximos meses.

"O desafio era restabelecer a demanda, mas já estamos a 90% do que estávamos produzindo no período pré-pandemia. Algumas unidades da ZF já voltaram a operar com volume acima do que estava antes e outras já contam com volume que supera o planejado para 2020", revela o diretor da ZF.

Por fim, um painel sobre home-office debateu as novas possibilidades do trabalho a partir da adoção do trabalho remoto, o que se mostra como a mais nova realidade para muitas administrações do setor. Participaram desta mesa online Francisco Tripodi, sócio-diretor da Pieracciani Consultoria, Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças, e Moacyr Jacinto, diretor de RH da PSA na América Latina.

Os participantes concordaram que todo o setor já acordou para a transformação digital, embora a transição deva ocorrer de forma muito escalonada e em diversos níveis de toda a cadeia. Quanto à mudança de processos, o trabalho remoto trouxe muitos benefícios, incluindo para dentro das instituições:

"O home office deu uma mobilidade muito maior e participação muito ativa em nossas reuniões: se antes reuníamos dez ou vinte diretores de empresas, hoje, essas reuniões contam com mais de noventa participantes, tornando os encontros muito mais produtivos", comenta Elias Mufarej.

Publicidade