Power Systems Research projeta reta de crescimento constante para veículos comerciais a partir de 2021
Automotive Business -
Mercado de de caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e de construção já da sinais de recuperação
SUELI REIS, AB
As vendas e a produção de veículos comerciais no Brasil deverão traçar uma reta de crescimento constante a partir de 2021 e até pelo menos 2025, aponta a consultoria especializada Power Systems Research, que divulgou sua nova projeção para os mercados de caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e de construção. Todos os volumes indicados são melhores do que os da última avaliação, divulgada no início de maio (leia aqui).
Entre maio e agosto, a economia em geral começou a dar sinais de recuperação à medida que os municípios retomaram suas atividades, que foram paralisadas por causa da pandemia. No entanto, a retomada que vem se consolidando ao longo dos meses não é suficiente para cobrir o tombo já verificado para o ano. Desta forma, a Power Systems Research mantém sua estimativa de que os volumes só voltem a crescer a partir de 2021, quando os mercados devem alcançar níveis semelhantes aos de 2019.
Isso porque o cenário do terceiro trimestre indica alguns pontos que demandam atenção, segundo a PSR, como os níveis de produção próximos aos de vendas, ainda como forma de ajustar as fábricas às novas demandas e consumir os estoques, além de queda nas exportações e problemas pontuais com a cadeia de suprimentos.
Embora a consultoria confirme uma recuperação em “V” em 2020, mas ainda em queda com relação a 2019, a inflação e o aumento dos preços dos veículos e das máquinas vai ocorrer devido à desvalorização cambial. Uma preocupação é o aumento da dívida pública, que neste ano deve se aproximar de 100% do PIB, em função das medidas emergenciais de enfrentamento do coronavírus instaladas pelo governo aliada a queda na arrecadação. De qualquer forma, a PSR reforça que mesmo com a recuperação dos mercados, são necessárias reformas para sustentar o crescimento previsto a partir do próximo ano.
A nova projeção de volumes de produção e vendas de veículos comerciais da Powers Systems Research mostra uma média anual de 175 mil caminhões e ônibus entre 2018 e 2025, abaixo da média de 200 mil verificada no período até 2014, quando teve início a última crise econômica no País.
Para 2020, a previsão indica que serão produzidos 102 mil veículos, na soma de caminhões e ônibus, a maior parte graças ao segmento de transporte de carga, que vem se recuperando em velocidade melhor que os demais. Embora a consultoria espere queda para ambos os segmentos, o maior virá do mercado de ônibus, cuja queda deve beirar os 40%. Com isso, as vendas totais devem ficar em 100 mil unidades, considerando caminhões e ônibus.
Com o aumento gradativo desses volumes, a consultoria projeta que a produção de veículos comerciais no Brasil deva atingir as 185 mil unidades em 2025, superando 2014, mas ainda abaixo do recorde de 2013, quando a indústria nacional produziu 223 mil caminhões e ônibus. Até lá, espera-se que as vendas estarão no patamar de 162 mil unidades.
No ano que vem, a companhia estima recomposição dos estoques mais em função do mercado interno, uma vez que a recuperação das exportações em 2021 deverá ser modesta e parcial no ano seguinte.
Para máquinas agrícolas, as estimativas também estão melhores que a projeção anterior, uma vez que o agronegócio continua mantendo sua produtividade em alta, o que deve garantir o crescimento tanto da produção quanto das vendas do segmento com relação a 2019. A PSR prevê alta de 1,6% do volume de produção neste ano, para algo em torno de 61 mil unidades neste ano, além do aumento de 3,6% das vendas com relação a 2019, para 57 mil.
O segmento segue sustentado pelo cenário favorável, com excelentes preços de commodities agrícolas e com o aumento de empresas que estão explorando a tecnologia no setor de máquinas. Por outro lado, a recessão global seguirá afetando a exportação. Em cinco anos, a PSR estima que a produção de máquinas agrícolas chegue a 91 mil unidades com a venda de 85 mil equipamentos.
Nas máquinas de construção, a produção de 2020 deve ainda ficar abaixo de 2019, com queda de 7,8%, para um total de 24 mil equipamentos, mas com vendas 22% maiores, passando de 18 mil em 2019 para 22 mil neste ano. A evolução dos negócios no segmento deve ser reforçada com a estimativa de obras na área de infraestrutura, impulsionadas pela aprovação do programa nacional de saneamento (PL 4162) e pelo investimento de R$ 1 bilhão em obras de estradas que estão sendo executadas pelo exército.
Em cinco anos, o setor pode alcançar o nível de 32 mil máquinas produzidas e 26 mil vendidas.