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Toyota abre programa de demissão voluntária para funcionários da fábrica em São Bernardo do Campo

Ação é feita baseada na transferência da sede administrativa de São Bernardo do Campo para Sorocaba


REDAÇÃO AB

A anunciada mudança da sede administrativa da Toyota no Brasil de São Bernardo do Campo para Sorocaba envolvia bem mais do que a transferência de funcionários para um novo local. Segundo divulgou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na segunda-feira, 28, a empresa informou que pretendia transferir 600 pessoas e demitir 300. Após negociações com a representação dos trabalhadores, a Toyota aceitou reduzir a meta de cortes para 120 vagas com a abertura de um programa de demissão voluntária (PDV).

O presidente do sindicato, Wagner Santana, afirma que recebeu com “perplexidade” a informação de que a Toyota transferiria suas atividades corporativas da planta de São Bernardo, onde está instalada desde 1962. “A direção da montadora disse que a mudança envolveria 600 empregados e que fariam ainda o desligamento de outros 300. Conversamos com os trabalhadores, que autorizaram o sindicato a iniciar um processo de negociação com objetivo de tentar reverter a transferência, garantir que a readequação do efetivo fosse realizada de forma voluntária e que a montadora desse garantias para o futuro da planta de SBC”, explica. “Conseguimos reduzir [o número de transferidos] de 600 para 490 e dos 300 que a fábrica pretendia tirar, negociamos para que a meta seja de 120”, completou.

Em Assembleia presencial realizada na manhã da segunda-feira, os trabalhadores na Toyota aprovaram o acordo negociado. A proposta aprovada inclui a abertura de um PDV para todos os trabalhadores da área administrativa, com incentivo de 12 salários extras e manutenção do plano de saúde por um ano. O programa, segundo o sindicato, está aberto inclusive para aqueles que serão transferidos de planta e ainda para os aposentados que atuam na produção.

Para os trabalhadores que mudarão para Sorocaba, o acordo garantiu o pagamento de dois salários no mês da transferência e 2,4 adicionais àqueles que optarem por mudar seu domicílio para a cidade. Os que ficarem terão transporte fretado de São Bernardo a Sorocaba por dois anos. A negociação também garantiu um ano de estabilidade a todos os transferidos.

CONTINUIDADE DA FÁBRICA

Quando anunciou a transferência da sede sua administrativa para Sorocaba, onde tem sua maior unidade industrial no País, a Toyota afirmou que irá desativar e vender ou alugar todos os prédios administrativos que hoje abrigam as presidências e toda a diretoria da empresa no Brasil e na América Latina, os departamentos de administração geral, engenharia, compras, pesquisa e desenvolvimento, design e centro de visitas. Ao mesmo tempo, a empresa prometeu manter as áreas de produção de componentes, que abastecem com bielas e virabrequins as fábricas do grupo no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos.

O presidente do sindicato do ABC confirmou que a Toyota se comprometeu com a continuidade à operação produtiva de São Bernardo e que será formada uma mesa conjunta para discutir e viabilizar novos produtos para a fábrica. “A partir desse entendimento e do fechamento desse acordo, estamos agora voltados a buscar condições para ampliar a capacidade de produção da planta”, disse.

Santana lamentou ainda o momento atual, que tem dificultado as negociações com empresas da região. “Diferente do que vivemos em 2015, por exemplo, quando os investimentos do Inovar-Auto tornaram possível a ampliação da planta da Toyota e a construção do centro de desenvolvimento (projeto São Bernardo Reborn que envolveu investimentos de R$ 70 milhões na unidade), hoje não há qualquer ação dos governos em defesa da indústria e dos empregos. Eles mantiveram a decisão de transferência, mas conseguimos um acordo bom para aqueles que serão transferidos, com estabilidade, e um PDV num bom patamar, de forma que as saídas aconteçam de forma voluntária”, ponderou.
 

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