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Abeifa registra maior volume de vendas de veículos nacionais do que importados

Bom desempenho dos veículos nacionais vem do fato de não ter imposto de importação e nem o repasse total do aumento do dólar


SUELI REIS, AB

O volume de vendas de veículos nacionais registrado pela Abeifa já é maior do que o das vendas de importados. Dados divulgados pela entidade mostram que pela primeira vez em sua história a entidade registra a reversão neste ano: no acumulado de janeiro a setembro, as vendas dos modelos fabricados por suas associadas no Brasil superaram as 20,5 mil unidades – no mesmo período, os importados somam 19,8 mil emplacamentos.

No caso dos nacionais, houve queda de 10,1% sobre volume vendido em mesmo período de 2019, enquanto nos importados a queda foi maior, na casa dos 20%.

“Esta é uma tendência para os próximos anos”, afirma o presidente da Abeifa, João Oliveira, durante a apresentação do balanço e desempenho do setor à imprensa realizada na sexta-feira, 2. O executivo lembra que dentro da projeção para 2020, o volume total de veículos nacionais deverá ser de 29,5 mil unidades emplacadas, enquanto os importados devem ficar em 28,5 mil.

Isso porque entre seus 15 associados, a entidade possui quatro que produzem veículos no Brasil: Caoa Chery, BMW, Land Rover e Suzuki – e as três primeiras têm performado de forma muito positiva ao longo ano, apesar da pandemia. A Caoa Chery, por exemplo, lidera entre as quatro fabricantes, com mais de 61% de participação do total das vendas dos produtos nacionais entre os associados da Abeifa, que somaram pouco mais de 20,5 mil unidades em nove meses. A segunda é a BMW, com 28,6% deste total, seguida pela Land Rover, com quase 6%.

Além disso, a Caoa Chery também lidera o ranking da Abeifa quando considera todas as marcas, entre fabricantes e importadoras: a empresa sino-brasileira registrou market share de 31,3% no acumulado do ano até setembro, com mais de 12,6 mil veículos emplacados. Da mesma forma, a BMW é a vice-líder, com 21,3% ou 8,5 mil veículos. Em ambos os casos, os volumes representaram queda com relação ao desempenho verificado em mesmo período do ano passado, de 8,9% e de 4,8%, respectivamente.

Um fator que explica o bom desempenho das marcas como Caoa Chery e BMW se dá exatamente pelo fato de que em veículos nacionais não incide imposto de importação e nem o repasse total do aumento do dólar, que neste ano registra uma valorização sobre o real de 40%.

Adiciona-se a isso o fato de que as vendas de importados este ano está condicionado a estoques formados por volumes de quando o dólar estava abaixo de R$ 5 (antes da pandemia) e pelos volumes cujo valor da importação já considerava um dólar mais apreciado, o que, aliado à crise gerada pela pandemia, diminuiu ainda mais as vendas do segmento.

No geral, as associadas da Abeifa encerraram o acumulado do ano até setembro com a venda de 40,4 mil unidades, considerando a soma de importados e nacionais, o que representou queda de 15,7% sobre os 47,9 mil emplacados em iguais meses de 2019.

Segundo João Oliveira, a alta cambial “continua pressionando o segmento importado, o que deve continuar no próximo período [ano]. Em 2021, o câmbio deve ceder ligeiramente, o que ainda não será suficiente para conter a pressão sobre o setor de importados”, disse.

O executivo reforçou que por conta disso a Abeifa continua pleiteando junto ao governo duas medidas que podem aliviar os encargos sobre os veículos importados: a redução de 35% para 20% do imposto de importação e a adequação da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para modelos híbridos e elétricos.

Os dados da entidade mostram que dos 6,7 mil veículos híbridos e elétricos vendidos no Brasil até setembro deste ano, 48% são das associadas à Abeifa. Em todo o ano passado, a participação da entidade neste segmento foi de 28% de um total de 7,7 mil unidades.

AINDA SEM PREVISÃO PARA 2021

Embora falte apenas um trimestre para o fim de 2020, a Abeifa preferiu não fazer ainda as projeções para 2021. O presidente da entidade indica que os números do setor de importados para o ano que vem só deverão ser apresentados em dezembro ou mesmo em janeiro, quando pretende fazer um novo encontro com a imprensa.

“Ainda estamos estudando todas as variáveis para indicar como o mercado poderá se comportar”, disse João Oliveira.

Por enquanto, a entidade concorda com o Boletim Focus, que aponta média do dólar de R$ 5 em 2021, com Selic ainda em baixa, mas com novo reajuste de alta a partir do segundo semestre do próximo ano, podendo chegar a 2,5%. Atualmente, o dólar está na casa dos R$ 5,25 e a Selic em seu menor nível histórico, de 2%.

Para 2020, a Abeifa já havia revisado as projeções em julho e as manteve: as associadas esperam encerrar o ano com a venda de 57,8 mil veículos, entre nacionais e importados, que se for confirmado, representará queda de 15% sobre o resultado de 2019, quando foram vendidos 67,6 mil (leia aqui).

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