Petrobras registra prejuízo líquido mas reduz divida bruta no terceiro trimestre de 2020
Portal Fator Brasil -
Nos últimos 21 meses, empresa consegue reduzir US$ 31,3 bilhões de dívida — cerca de US$ 1,5 bilhão por mês
Em um ano desafiador como o de 2020, a Petrobras agiu rapidamente para garantir sua liquidez durante o primeiro semestre, o momento mais agudo da crise até agora. No terceiro trimestre, graças a uma sólida geração de caixa, respaldada principalmente pelo seu desempenho operacional e pelo aumento do preço do Brent, a companhia conseguiu acelerar seu processo de desalavancagem e a geração de caixa, dados divulgados pela Petrobras no dia 28 de outubro(quarta-feira).
De acordo com a Petrobras, a geração de caixa medida pelo Ebitda apresentou uma expressiva recuperação em relação ao trimestre anterior, em parte em função do aumento de 47% do preço do Brent no trimestre. A companhia fechou o período com Ebitda ajustado recorrente de U$ 6,9 bilhões, mais que o dobro do segundo trimestre. Esse é um resultado importante, pois retira o efeito dos juros, impostos, depreciação e amortização do lucro líquido, facilitando a comparação de resultado entre empresas, uma informação fundamental que auxilia na tomada de decisão de potenciais investidores, parâmetro fundamental para analisar o resultado operacional de uma companhia ao longo do tempo.
— Como consequência, o resultado líquido também demonstrou uma melhoria no período, especialmente nos itens recorrentes. Ainda assim, a companhia registrou prejuízo líquido de US$ 236 milhões. Expurgados os itens não-recorrentes, o resultado seria revertido positivamente e o lucro líquido recorrente seria de US$ 633 milhões. Entre os itens não recorrentes estão os efeitos da adesão a programas de anistias fiscais e os prêmios na recompra de bonds, devido à menor percepção de risco pelo mercado— ressalta a companhia.
A retomada de pré-pagamentos fez com que a Petrobras reduzisse em US$ 11,6 bilhões a sua dívida bruta no terceiro trimestre. — Nos últimos 21 meses conseguimos reduzir US$ 31,3 bilhões de dívida — cerca de US$ 1,5 bilhão por mês — um fator chave para nossa companhia, uma vez que contribui para a redução do risco de nosso balanço, para o fortalecimento de nossa resiliência à volatilidade do fluxo de caixa e para liberarmos recursos para investirmos em nossos ativos de classe mundial — disse o presidente da Petrobras Roberto Castello Branco. E, mesmo com essa redução acentuada no endividamento, a empresa manteve uma sólida posição de caixa com US$ 13,4 bilhões.
Resultados operacionais expressivos — A produção total de óleo e gás da Petrobras cresceu 5% em relação ao trimestre anterior, com destaque para o incremento na produção do pré-sal. Em função disso, a empresa projeta superar a meta originalmente definida para o ano, que era de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed). A nova meta passa a ser de 2,84 milhões de boed, com variação de +/- 1,5%.
— Esse desempenho operacional expressivo se deveu ao aumento da capacidade de produção de Búzios e elevada eficiência operacional no pré-sal, assim como a postergação de parte das grandes paradas programadas de produção— diz a Petrobras.
— O volume de vendas de combustíveis cresceu 18% no trimestre impulsionado pela recuperação econômica e retomada do market share. O fator de utilização das refinarias superou as expectativas e fechou o trimestre em 83%, depois de atingir 70% no segundo trimestre. Também houve progressivo aumento das exportações, com novo recorde de exportação de petróleo registrado em setembro (1,066 milhão de barris por dia)—informa.
A companhia permaneceu com uma trajetória descendente de TAR, a taxa de acidentados registráveis por milhão de homem-hora, alcançando 0,60 no terceiro, uma referência para a indústria global de óleo.
— O total de entrada no caixa da Petrobras com a venda de ativos alcançou US$ 1 bilhão nos primeiros nove meses do ano. Há ainda dez operações a serem fechadas até o fim do ano e outros 39 projetos de desinvestimento em andamento — continua.
Mudança na política de dividendos da companhia — A companhia aprovou mudança em sua política de dividendos, permitindo que exista a opção de distribuir dividendos mesmo com prejuízo contábil em um determinado ano, desde que a dívida líquida tenha diminuído nos últimos doze meses, sendo essa distribuição limitada ao valor dessa redução. Essa mudança faz parte da abordagem da companhia para focar na geração de caixa ao invés de focar em medidas contábeis, em linha com os pares globais.