BNDES discute energias renováveis e cidades verdes em evento virtual

Debate aponta que país possui soluções para o desenvolvimento das áreas


O diretor de Crédito e Garantia do BNDES, Petrônio Cançado, que moderou o painel Energias Renováveis, destacou que apesar de o Brasil já contar com uma matriz verde, há diversos desafios para ampliar a participação das fontes sustentáveis e garantir a segurança energética em todo o território nacional. “País que quer ser sustentável precisa de uma energia sustentável. O investimento em novas tecnologias é um desafio e é importante desenvolver produtos e mecanismos capazes de atender a essa necessidade de financiamento”, destacou.

Já o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, destacou que o setor não conta mais com um único modelo de negócios centralizado baseado em leilões de longo prazo. Com a expansão do mercado livre de energia e da competitividade das fontes renováveis, há um “aumento de cardápio” para o mercado. “Estamos vivendo uma ampliação do mercado livre, e, sobretudo, um momento em que novos produtos financeiros, novos modelos de negócios e novos arranjos para viabilização dos investimentos de infraestrutura de energia estão surgindo”, avaliou.

Para Barral, os instrumentos financeiros têm o desafio de inovar, abrindo os olhos para essas novas oportunidades, aprendendo a avaliar os riscos desses novos projetos e entendendo como as diversas tecnologias aplicadas no setor energético se combinam. “Não há um modelo único e isso é um desafio para os instrumentos de financiamento”, ponderou.

“O BNDES tem um papel fundamental na liderança do financiamento para essa economia verde e tem que inovar nos seus instrumentos”, avaliou Ítalo Freitas, CEO da AES Tietê. Ele considera o setor energético como um dos grandes insumos da indústria e do comércio: “Para tornar um país competitivo, eu acho que a energia tem que ser competitiva”, ponderou.

A diretora de Estratégia da Enel, Rosana Santos, vê o desfio da transição energética em direção a uma maior sustentabilidade como algo que deve ir além da limpeza da matriz e envolver toda a cadeia do setor. “A transformação energética chega até as unidades consumidoras”, declarou.

Ela destacou a importância de modelos de financiamento que deem conta dos benefícios propiciados pela transição energética e deu como exemplo os projetos eólicos, que aquecem a economia local em muitas regiões do Nordeste, por meio do pagamento de arrendamento de terras para a instalação dos geradores.

Cidades Verdes – Moderador do segundo painel do dia, o superintendente da Área de Governo e Relacionamento Institucional do BNDES, Pedro Bruno Barros de Souza, ressaltou a relevância de três frentes de atuação do Banco relacionadas à melhoria do ambiente nas cidades: parques urbanos, iluminação pública e saneamento básico. “São temas que estão totalmente alinhados à nossa estratégia quando falamos do Banco de Serviços, ou seja, o BNDES a serviço da promoção da infraestrutura no Brasil com foco em sustentabilidade.”

Souza explicou que as cidades verdes constituem pauta totalmente conectada à missão institucional do BNDES. Nesse sentido, declarou ser muito importante desenvolver novas soluções, como a emissão de R$ 1 bilhão em Letras Financeiras Verdes (títulos para captação de recursos que serão aplicados em projetos com impacto social e ambiental positivos) nesta semana.

Questionados sobre suas visões a respeito do conceito de cidades inteligentes, todos os participantes ressaltaram, além do aspecto ambiental, a importância da inclusão social. “No Brasil os mais vulneráveis aos eventos climáticos são, na maioria das vezes, os mais pobres que vivem nas periferias das grandes cidades”, afirmou Marcos Thadeu Albicalil, do New Development Bank (NDB), que considera a redução da desigualdade como primeiro elemento para o planejamento futuro das cidades.

O coordenador do Comitê de Iluminação Pública da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Miguel Noronha, destacou os benefícios de projetos de PPPs do setor, mencionando o caso de Belo Horizonte, cuja parceria foi estruturada pelo BNDES. Segundo Noronha, com a adoção massiva de luminárias de LED, o fluxo luminoso aumentou em quatro ou cinco vezes, com reflexo positivo inclusive na segurança pública. Além disso, informou que a iniciativa gerou uma redução no consumo de energia elétrica de mais de 55% – beneficiando a prefeitura, que está economizando R$ 30 milhões ao ano, e o meio ambiente, seja por conta do menor volume de energia empregado no sistema, seja pela maior durabilidade das lâmpadas de LED, reduzindo o problema do descarte.

“Eu nunca podia imaginar que o BNDES, acostumado apenas a grandes projetos no passado, fosse em cidades médias e colocasse toda sua capacidade para realizar modelagens de projeto”, relatou Noronha, ao reconhecer essas iniciativas como ações transformacionais para os municípios.

O CEO da M. Skaf Ambiental, Marcelo Skaf, mencionou os parques urbanos como uma outra importante vertente para promoção de cidades verdes. Para ele, esse período de confinamento decorrente da pandemia de covid-19 fez com que as pessoas reconhecessem mais a relação direta entre esses equipamentos e a promoção da qualidade de vida.

 

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