Anfavea divulga melhor resultado na produção de veículos

Houve evolução de 7,4% comparado com setembro; mas a queda no acumulado anual é de 38,5%


WILSON TOUME, PARA AB

O balanço mensal divulgado pela Anfavea na sexta-feira, 6, apurou que foram produzidos 236,5 mil veículos em outubro, o melhor desempenho não só de 2020, mas do período dos últimos 12 meses, inferior apenas a outubro de 2019 (288,5 mil veículos). Na comparação com setembro – que até então tinha sido o melhor mês de 2020, com 220,2 mil unidades –, o aumento foi de 7,4%.

Porém, quando se verifica o volume acumulado do ano, a queda chama a atenção. De janeiro a outubro de 2019 foram produzidos 2,55 milhões de veículos no País, enquanto neste ano o total foi de 1, 57 milhão, ou seja, uma diferença de quase 1 milhão de veículos, o que equivale à retração de 38,5%.

De acordo com a mais recente projeção divulgada pela entidade (em setembro), a produção de veículos deve fechar o ano em queda de 35% sobre 2019. Em termos de volume, serão 1,92 milhão de unidades produzidas, contra 2,94 milhões no ano passado. “Como estamos com 38,5% a menos em outubro, acreditamos que vamos ficar dentro do projetado”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, lembrando que a primeira projeção da associação, feita em janeiro, indicava produção de 3,1 milhões e crescimento de 7,3%.

Como já havia feito em apresentações anteriores, Moraes ressaltou que o ritmo das montadoras nacionais está acompanhando a demanda do mercado. “Foram licenciados 215 mil veículos em outubro, descontando cerca de 10% desse número – de veículos importados – e somando os cerca de 35 mil modelos exportados, o resultado fica bem próximo do total produzido, ou seja, a indústria está calibrando bem a produção com a demanda”, explicou.

Outro exemplo desse ajuste, segundo Moraes, é o estoque de veículos, seja nas fábricas ou nas concessionárias, que segue “equilibrado”, como afirmou o dirigente. Estavam estocadas 132,5 mil unidades em outubro, com 109,3 mil nas revendas e 23,2 mil nos pátios das montadoras, contra 141,7 mil modelos que foram registrados em setembro. Esse volume equivale a 18 dias de vendas, contra 20 dias no mês anterior.

DESAFIOS A SEREM SUPERADOS NO CURTO PRAZO

O presidente da Anfavea aproveitou o evento virtual para elencar uma série de desafios que o setor está enfrentando para poder suprir a demanda do mercado, como a adoção de protocolos sanitários a fim de preservar a saúde dos colaboradores (e que acaba reduzindo a velocidade da produção), a indefinição sobre o comportamento do mercado nos próximos meses, a falta de componentes, a alta dos preços de matéria-prima e a desvalorização cambial. “Já passamos por situações parecidas, mas não com essa dimensão”, afirmou Moraes, que ainda ressaltou: “Lembrem-se que a pandemia não terminou, temos de ficar atentos para evitar uma segunda onda de contágios no País e as consequências que essa segunda onda pode provocar”, disse.

Como resposta a esses desafios, o presidente da Anfavea afirmou que as montadoras estão tomando algumas ações, como adoção de horas extras e de jornadas adicionais (aos sábados) para atender a demanda e o monitoramento em tempo real da cadeia logística e de suprimentos para tentar mitigar os riscos de falta de insumos e as consequências que isso pode provocar na produção. “A indústria é resiliente, a gente está voltando ao ritmo de antes, mas ainda existem esses desafios que temos de superar para poder atender da melhor forma a procura que pode ocorrer nos próximos meses”, afirmou Moraes.
 

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