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Fábricas adotam empregos temporários diante das incertezas do mercado

Dúvida em relação ao período de crescimento de produção faz com que montadoras optem por não reabrir turnos e realizar outros tipos de instrumentos


PEDRO KUTNEY, AB

Apesar de algumas contratações em outubro para atender ao aumento da demando pouco acima do que era esperado, o nível de emprego nas fábricas de veículos segue se deteriorando. Segundo balanço divulgado na sexta-feira, 6, pela Anfavea, associação dos fabricantes, nos últimos 12 meses o número de pessoas contratadas no setor caiu de 127,7 mil para 121,4 mil em outubro passado, com a redução de 6,3 mil vagas no período, e 4,6 mil delas foram fechadas em oito meses, desde fevereiro passado.

Entre setembro e outubro, houve redução líquida no quadro de 730 funcionários. O número é resultado da contabilização de cerca de 1,5 mil demissões, boa parte dentro dos programas de demissão voluntária (PDV) que vêm sendo abertos pelas montadoras nos últimos três meses; ao mesmo tempo em que foram feitas 592 contratações no mês (170 delas nas fábricas de máquinas agrícolas e de construção), a maioria por meio de contratos temporários, para atender o crescimento da demanda por alguns produtos. Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, pondera que o movimento não representa nenhuma reversão de cenário e que os cortes deverão continuar.

"As demissões estão diretamente ligadas à queda expressiva do volume de produção. Antes da pandemia estávamos preparados para produzir 3,2 milhões de veículos este ano e agora, mesmo com a melhoria do cenário, vamos fazer menos de 2 milhões, 1,26 milhão a menos que foi planejado. O terceiro turno foi fechado e muitas empresas estão trabalhando em um turno só. Nessas condições não há como manter o mesmo quadro de funcionários", aponta Luiz Carlos Moraes.

O dirigente afirma que enquanto não houve certeza de crescimento sustentável à frente, nenhuma das montadoras associadas deverá reabrir turnos de produção ou abandonar programas de demissões. “Não sabemos se o aumento da demanda que vemos agora vai continuar, pode ser só o represamento de vendas que não foram feitas no segundo e terceiro trimestres. Enquanto isso, vamos usar instrumentos de contratações temporárias, horas extras e jornadas ao sábados para aumentar a produção na medida certa, sem exageros, porque as empresas tiveram muitos problemas de liquidez no pico da pandemia e agora precisam proteger seu caixa”, explica Moraes.

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