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Volkswagen Caminhões e Ônibus terá novo ciclo de investimentos de R$ 2 bilhões no período 2021-2025

Ciclo de investimento é o maior da história de 40 anos da fabricante de caminhões e ônibus


PEDRO KUTNEY, AB

Ao fazer o balanço dos resultados de 2020 e comentar as expectativas para 2021, na quinta-feira, 10, o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), Roberto Cortes, anunciou o maior programa de investimentos da história de 40 anos da fabricante de veículos comerciais, que somará R$ 2 bilhões no período 2021-2025 – após cinco ciclos anteriores, quatro de R$ 1 bilhão cada e o mais recente de R$ 1,5 bilhão de 2017 a 2020. Segundo revelou Cortes, os aportes serão aplicados em novas tecnologias de propulsão sustentáveis (incluindo eletrificação) e segurança, digitalização e conectividade, melhorias de produtividade na fábrica de Resende (RJ) e maior internacionalização da marca integrante do Grupo Traton – divisão do Grupo VW também formada por MAN, Scania e Navistar.

“Aumentamos o valor do ciclo de investimentos porque o mercado exige isso. Precisamos investir em muitas novas tecnologias nos próximos anos, ao mesmo tempo em que temos planos de elevar nossa presença internacional, queremos alçar voos maiores para além dos mercados da América Latina, África e Oriente Médio onde já estamos”, afirmou Roberto Cortes.

CONTRATAÇÕES E GARGALOS DE PRODUÇÃO

Logo após o anúncio, Cortes informou que estão sendo contratados 550 novos funcionários efetivos para Consórcio Modular de Resende, o que representa alta de 13% na comparação com outubro passado no quadro da unidade, que tem 4,1 mil empregados. Desse número, 290 vão reforçar a produção do Meteor, nova família de caminhões extrapesados lançados em setembro passado, sendo que 180 vão abrir o segundo turno da linha. Os demais contratados serão distribuídos em diversas outras áreas da planta.

“Recebemos encomendas acima do que estávamos esperando e por isso precisamos aumentar o quadro para atender a demanda. Não vemos nenhuma tendência de reversão desse aumento de produção e talvez seja necessário até contratar mais pessoas em 2021”, afirmou o presidente da VWCO.

Cortes confirmou que a VWCO também sente os efeitos colaterais do crescimento mais rápido do que o esperado após a desorganização causada pela pandemia na cadeia de suprimentos. “Estamos administrando a escassez de insumos, a cada dia falta alguma coisa. Nós temos elevado conteúdo nacional e estamos muito próximos dos fornecedores no Consórcio Modular de Resende, isso ajuda, mas alguns deles têm problemas para importar com essa segunda onda da Covid nos mercado externos. Estamos fazendo de tudo para não precisar paralisar as linhas por muito tempo”, conta.

O executivo avalia que esse é um problema gerado pela diferença entre expectativa e realidade: “Todos nós minimizamos a retomada que veio forte. O mercado de caminhões caiu cerca de 14% este ano e a produção recuou 25%. É uma questão matemática. Nossa produção não está dando vazão ao aumento da demanda. Vai levar algum tempo até equalizar essa situação”, prevê.

REAÇÃO MAIS RÁPIDA

Os resultados de 2020 foram negativos, mas melhores do que era esperado após o impacto da pandemia e a VWCO registrou retração menor do que a média do mercado. Além disso, a forte aceleração da demanda por caminhões nos últimos seis meses abriu um horizonte positivo para 2021, o que animou a direção da VWCO a confirmar os novos investimentos e aumento da produção. “Tivemos reação mais rápida: enquanto as vendas de caminhões caíram quase 14% no acumulado deste ano, as nossas recuaram a metade disso, 7%; e para ônibus a queda geral de 33% para nós foi de 23%”, assinalou Cortes.

“Estamos confiantes na retomada sustentada do mercado. A se confirmar o controle da pandemia, a continuação dos bons resultados do agronegócio e um possível apoio oficial a um programa de renovação de frota, 2021 tem tudo para nos animar”, prevê Roberto Cortes.

Apesar do ano difícil, “que testou ao máximo nossa flexibilidade e capacidade de reação”, Cortes elencou conquistas importantes e surpreendentes em 2020, apesar do ambiente negativo da pandemia. Em agosto, a empresa fechou o maior negócio de sua história com a venda de 1.620 caminhões em um único pedido do Grupo Vamos. Em setembro lançou a linha de caminhões extrapesados Meteor que consumiu R$ 1 bilhão do ciclo de investimentos de R$ 1,5 bilhão encerrado este ano. Em outubro, tornou a primeira fabricante de veículos do País a receber encomendas firmes de caminhões elétricos desenvolvidos no País: após cerca de três anos em testes rodando na distribuição urbana de bebidas, a Ambev confirmou a compra de 100 e-Delivery inserção, que deverão ser entregues em 2021 como primeira parte de sua encomenda 1,6 mil unidades do modelo.

Cortes avalia que o auxílio emergencial do governo em dinheiro à população manteve o consumo das famílias em níveis suficientes para sustentar o transporte de mercadorias em todo o País, o que contribuiu para reaquecer rápido todos os segmentos do mercado de caminhões.

NOVAS SINERGIAS COM A COMPRA DA NAVISTAR

A compra da Navistar (fabricante de caminhões e ônibus International sediada nos Estados Unidos), que o Grupo Traton deve concluir até o meio de 2021, segundo adiantou Cortes poderá aprofundar as sinergias entre as empresas. Atualmente no Brasil a MWM, que pertence à Navistar, já produz em sua fábrica de São Paulo dois motores para a VWCO, os MAN D08 e mais recentemente o D26 usados pela nova linha de extrapesados.

“Já temos muitas sinergias com as outras empresas Traton como MAN, Scania e Rio. A cooperação é uma das bases da estratégia de crescimento global da companhia; não precisa refazer algo que já existe no estado da arte dentro do grupo, como é o caso dos motores MAN que já são fabricados no Brasil pela MWM. Após a finalização da compra da Navistar poderemos explorar outras alternativas, mas ainda é cedo para dizer quais”, resume Cortes.

 

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