BNDES vai garantir crédito para financiamento de máquinas agrícolas e equipamentos agrícolas ao longo de todo o ano de 2021
Automotive Business -
Essa é a nova premissa da nova linha de recursos BNDES Crédito Rural
SUELI REIS, AB
O Banco Nacional do Desenvolvimento Social – BNDES – vai garantir crédito para o financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas ao longo de todo o ano de 2021 e os seguintes. Esta é a premissa da nova linha de recursos BNDES Crédito Rural, que começou a operar em março deste ano. A nova linha foi tema de um debate promovido pela Anfavea, associação das montadoras de veículos, de máquinas agrícolas e de construção, realizada de forma virtual na sexta-feira, 11. A live contou com a participação do presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, de seu vice-presidente e membro do comitê interno para máquinas agrícolas, Alexandre Bernardes, e do representante do BNDES, Gabriel Aidar.
"Essa é uma linha complementar aos recursos do Plano Safra e a ideia é que não falte crédito. Com ela, são oferecidos recursos não equalizados- aqueles que dependem do orçamento do Tesouro Nacional, como o Moderfrota Pronaf e demais programas. O BNDES Crédito Rural garante financiar com condições favóraveis ao produtor rural e traz a menor taxa que o banco pode operar", salienta Gabriel Aidar, do BNDES
A nova linha do BNDES pode financiar tanto os projetos de investimentos – como construção ou ampliação de armazéns, projetos de irrigação etc. – quanto a aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas de forma isolada, com 100% de financiamento do valor para ambos os casos. No caso de máquinas e equipamentos agrícolas, o prazo total é de até 10 anos com carência de até 2 anos. O crédito também é disponível para produtores rurais da agricultura familiar.
Os dados do banco mostram que os recursos têm sido amplamente procurados e utilizados pelo setor do agronegócio: de março a outubro, o número de operações superou os 2,7 mil contratos para a aquisição de máquinas agrícolas, enquanto os contratos para investimentos estão em 583. Com os contratos de novembro, o total de recursos aprovados passa de R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 300 milhões aprovados só em novembro.
O vice-presidente da Anfavea, Alexandre Bernardes comemora a linha de financiamento adicional oferecida pelo BNDES: “O produtor rural precisa de basicamente duas coisas para operar: previsibilidade e uma linha direta com São Pedro: e a previsibilidade é o grande complicador”, ilustra. “Todos os elos do agro, seja a indústria, seja o agricultor, precisam contar com recursos suficientes durante todo o ano-safra e qualquer linha que o cliente tenha disponível é sempre importante”, comenta.
O representante do BNDES indica que em 2020 as linhas de financiamento para máquinas agrícolas disponíveis para o produtor rural, como Moderfrota, Pronaf, Inovagro e Pronamp, entre outras, esgotaram seus recursos em tempo recorde. “Muitos desses programas fecharam com dois ou três meses; a demanda foi muito forte.”
Essas linhas, que fazem parte dos recursos dispostos pelo governo no Plano Safra, têm como premissa o crédito equalizado pelo Tesouro Nacional, ou seja, há um limite para cada um deles, conforme o teto do governo. Em 2019, por exemplo, o fim dos recursos fez com que o mercado de máquinas agrícolas perdesse algo em torno de três meses de vendas por falta de crédito no mercado. Neste ano, os créditos aprovados pelo orçamento equalizado é de quase dos R$ 12 bilhões, valor 32% maior que o do ano passado.
CRÉDITO EM ALTA REFLETE RETOMADA DO MERCADO
O apetite de crédito pelos produtores reflete no mercado de máquinas agrícolas: no acumulado de janeiro a novembro de 2020, o volume de vendas é 4% maior que o de igual período do ano passado, com 42 mil unidades, de acordo com os números da Anfavea (leia aqui).
Segundo Alexandre Bernardes, mesmo sem a realização de feiras agrícolas neste ano (todas foram canceladas por causa da pandemia), o mercado surpreendeu e superou as expectativas das fabricantes, que chegaram a estimar vendas menores em 2020 por causa da falta de eventos de demonstração e negócios. Ele indica que a tendência de crescimento das vendas do setor deve se manter em 2021:
"O que posso dizer sobre 2021 é que os primeiros cinco meses já são muito bons: os clientes já venderam grande parte de suas safras, estão capitalizados e já começaram o plantio, que também vai bem. Estamos vendo condições favoráveis para o primeiro semestre. Já para o segundo, temos que esperar para ver como vai se comportar o mercado das commodities", afirma o vice-presidente da Anfavea.
Por outro lado, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, indica que a indústria ainda tenta resolver o problema de desabastecimento de insumos nas linhas de montagem, o que inclui várias montadoras de máquinas e também de caminhões, também muito requisitado pelo setor agro.
“Todas as montadoras estão passando por esse momento crítico de desbalanceamento da cadeia e isso se estende para material importado. Esperamos que essa segunda onda [de contágio do novo coronavírus] não traga problemas adicionais nem para nossos fornecedores lá fora nem para os daqui do Brasil”, comenta.