Setor automotivo pode usar a tecnologia como ferramenta para minimizar falta de componentes
Automotive Business -
Uso da tecnologia da informação pode ajudar empresas a responderem eventuais mudanças com agilidade e eficiência
WILSON TOUME, PARA AB MÍDIA LAB
O anúncio da pandemia da Covid-19, em março deste ano, provocou uma situação nunca antes vista na história recente do planeta. Empresas foram obrigadas a suspender suas atividades da noite para o dia e o ciclo produtivo em diversos setores foi interrompido durante semanas. Com o retorno gradual das atividades, a partir do terceiro trimestre, surgiu um novo problema: a falta de insumos e de componentes, que prejudica o ritmo de produção.
Diante do cenário adverso, a Sintel, empresa brasileira de tecnologia da informação voltada para o setor automotivo, aposta no uso mais amplo de tecnologia para se adaptar ao novo momento. Wanderlei Rosa, diretor de produtos e operações da companhia, diz que o caminho é investir para ter acesso a informações confiáveis e obtidas com a maior rapidez possível.
Estes dados devem ser usados na elaboração e adequação de planejamentos e, caso seja necessário, permitem que as empresas respondam a eventuais mudanças com agilidade e eficiência.
A Sintel tem 33 anos de história e, como conta Wanderlei Rosa, já nasceu com o objetivo de integrar, de maneira eletrônica, o fluxo de informações entre montadoras e a cadeia de suprimentos, tendo sido pioneira no País, na época. Atualmente, a empresa – já globalizada – oferece os mesmos serviços para as matrizes das autopeças e montadoras, estando presente na Europa e nos Estados Unidos.
O executivo lembra que o desafio do desabastecimento é mais intenso na indústria automotiva do que em outros segmentos, justamente porque o setor tem uma cadeia produtiva muito complexa, formada por diversas camadas de fornecedores.
PASSO A PASSO
Quem precisa lidar com os problemas de logística pela primeira vez agora, pode imaginar que, com o ritmo frenético de trabalho atual, mal terá tempo para implantar qualquer mudança em sua empresa, sob o risco de piorar a situação. Mas, de acordo com Wanderlei Rosa, a recomendação, nesses casos, é para que essas companhias adotem um planejamento básico, que não necessita de grandes intervenções.
“Existem casos em que analistas de supply chain e de PCP gastam muito tempo, às vezes metade de um dia todo, só para entenderem o que está refletido nos planos de demanda e posição do fluxo de materiais, e quando eles finalmente tomam conhecimento da situação, o cenário já mudou”, relata.
"Nós recomendamos que as empresas façam sua "lição de casa" ( já que a maioria dos problemas se repete em boa parte dos casos), pois essa providência quase sempre é mais simples de ser implantada, mas já proporciona um alívio no estresse operacional", afirma Wanderlei Rosa.
Como exemplo, o executivo da Sintel diz que erros que levam ao excesso de inventário – não só de insumos, como de produtos acabados – são comuns de serem cometidos quando não se conta com informações precisas e que, por isso mesmo, já possuem as soluções rápidas, graças à experiência da Sintel. “No caso de novos clientes, é raro nos depararmos com um tipo de problema exclusivo daquela empresa, então, as empresas que atendemos podem utilizar as soluções que já estão disponíveis e cuja eficiência já foi comprovada”, completa Wanderlei Rosa.
Uma vez implantado o estágio inicial, o planejamento da Sintel prevê uma etapa para que o cliente usufrua dos benefícios do fluxo da informação e da digitalização. Com o passar do tempo e a maturação do processo, é feita uma análise e, se for o caso será sugerido ao cliente passar para um novo estágio, que proporcionará a ele obter ainda mais vantagens, melhorando gradativamente sua eficiência.
“Caso contrário, a operação do cliente vai oscilar, o que não é saudável; cada empresa tem o seu momento certo para dar esse passo, e cabe a nós acompanhar a evolução, analisar e informar nosso cliente sobre isso”, afirma o diretor da Sintel, lembrando que, também por esse motivo, a relação da empresa com seus clientes é de parceria.
"Se a gente só se preocupasse em implantar novas versões de nossos serviços, o cliente inevitavelmente passaria por instabilidade por causa de avanços feitos fora de hora. É importante ter esta sinergia", completa
OS EFEITOS DA PANDEMIA
Após a freada brusca provocada pela pandemia, o cenário é de preocupação, afinal, apesar de a retomada estar ocorrendo em velocidade acelerada, ninguém sabe se esse movimento é sustentável, nem até quando ele vai durar. “O grande assunto no momento é a falta de insumos, então, atuamos no sentido de ajudar nossos clientes a terem uma operação mais centrada em informações precisas e devidamente compartilhadas na cadeia produtiva, a fim de proporcionar mais agilidade nas respostas”, explica Wanderlei Rosa.
"Diante de um cenário volátil, como o que temos agora, é ainda mais necessário utilizar a tecnologia para integrar o máximo de personagens da cadeia produtiva", acrescenta.
Quando as coisas estão funcionando no ritmo normal, é difícil visualizar possíveis problemas, embora todo o mercado já estivesse sinalizando a necessidade da transformação digital. “O mundo é cada vez mais dinâmico, e isso já estava na pauta há algum tempo, mas após um evento como a pandemia, as empresas que ainda não haviam se movimentado perceberam ainda mais o quão imprescindível é se adequarem”, observa o executivo. “Foi quando a necessidade bateu à porta”, diz.
A tecnologia pode ser uma grande aliada, lembra Wanderlei Rosa, mas sozinha ela não muda, não transforma, nem resolve os problemas. Quando se soma às disciplinas operacionais, a tecnologia se torna um acelerador, um facilitador dos processos, que vai ajudar as empresas a superarem as dificuldades. “A gente sempre recomenda que a decisão de adotar tudo isso não seja temporária”, afirma. “O mundo não vai deixar de ser volátil, incerto, complexo e ambíguo, então, a informação – quando bem utilizada – é uma grande aliada da competitividade”, conclui.