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Stellantis consolida fusão de dois grupos e 13 marcas que formam o quarto maior fabricante de veículos do mundo

União definitiva será concluída em 16 de janeiro com lançamento de ações da nova companhia


PEDRO KUTNEY, AB (COM AGÊNCIAS)

Pouco mais de um ano após a assinatura do acordo de fusão em partes iguais de PSA e FCA, em assembleias realizadas na segunda-feira, 4, os acionistas de ambas as empresas aprovaram por ampla maioria (acima de 99%) a união para formar o novo grupo Stellantis. A transação está prevista para ser definitivamente concluída no próximo 16 de janeiro, seguida pelo lançamento de ações da nova companhia nas bolsas de Paris e Milão no dia 18 e em Nova York no dia 19.

Os acionistas controladores de ambas as companhias consentiram com os termos da união quase que por unanimidade, incluindo a família Peugeot, que detém 14% do Groupe PSA e deverá ter 7% da Stellantis, além da chinesa Dongfeng Motor e do governo da França que controlam outros 14% do grupo francês. Pelo lado da FCA, a holding Exor, que representa a família Agnelli (fundadora do antigo Grupo Fiat), usou o peso integral de sua participação de 44,4% no capital da Fiat Chrysler Automobiles para aprovar a fusão. As assembleias foram realizadas com o negócio já aprovado pelos principais órgãos de regulação de mercado e concorrência nas regiões onde as empresas atuam, notadamente na Europa pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu.

Os acionistas também aprovaram a composição do conselho de administração da Stellantis, cujos nomes dos 11 membros (cinco indicados pela FCA e seis pela PSA) foram anunciados no fim de setembro passado. Como já era conhecido desde 2019, John Elkann, atual chairman do grupo Fiat Chrysler, será o presidente do board de diretores da nova companhia e Robert Peugeot será seu vice-presidente, enquanto Carlos Tavares, CEO do Groupe PSA, será o executivo-chefe da Stellantis. Mike Manley, até a semana que vem CEO da FCA, no fim de 2020 teve seu futuro definido na união dos dois grupos: ele assumirá o comando da empresa na região das Américas.

Os acionistas da FCA também aprovaram um plano de investimentos e transferências acionárias de US$ 52 bilhões para viabilizar a fusão e adesão ao estatuto da Stellantis, que será oficialmente sediada na Holanda.

O novo grupo que nasce da fusão deverá se consolidar como quarto maior fabricante de veículos do mundo, com vendas combinadas de 13 marcas que em 2019 somaram 7,9 milhões de unidades e em 2020, sob efeito da pandemia de Covid-19, deverão ficar próximas de 6 milhões. Nos últimos balanços anuais consolidados das duas companhias, de 2019, o lucro operacional de ambas totalizava € 10 bilhões, para faturamento de € 180 bilhões.

CONSOLIDAÇÃO DE 13 MARCAS

Ainda não é conhecida a estratégia da Stellantis em relação às suas 13 marcas de veículos, boa parte delas com produtos concorrentes entre si em vários mercados do mundo – inclusive no Brasil –, mas parece certo que não será possível manter todas elas com os altos níveis de investimentos em tecnologia exigidos nos próximos anos. De todas, as mais sólidas parecem ser Jeep e Peugeot, respectivamente primeira e segunda em volumes globais de vendas, que em tempos normais passam de 2 milhões de unidades na soma das duas.

A Fiat é a terceira marca mais vendida do novo grupo, mas atualmente só é forte na América do Sul e precisa de investimentos e reposicionamento na Europa, onde provavelmente passará a compartilhar plataformas de modelos compactos e médios da PSA (incluindo elétricos e híbridos), como já acontece com a Citroën, segunda maior marca da PSA e quinto maior volume entre as 13 marcas da Stellantis, que fixou seu foco em carros familiares mais populares, bem como a Opel e sua variante inglesa Vauxhall compradas em 2017 pela PSA, atualmente focadas quase que exclusivamente no mercado europeu e atualmente em sexto lugar no ranking de vendas da nova companhia.

Outra marca sólida do novo grupo é a Ram, 100% focada em picapes médias e grandes, com grande penetração na América do Norte, que representa hoje o quarto maior volume de vendas.

A Maserati, icônica marca de carros esportivos remanescente do antigo Grupo Fiat, é a menor em volume de vendas na Stellantis, com cerca de 15 mil unidades vendidas em 2020, mas deverá seguir forte na exploração de seu nicho de mercado de alta rentabilidade.

O mesmo não acontece com a Alfa Romeo, outra icônica fabricante italiana herdada do Grupo Fiat, que apesar de sua legião de fãs pelo mundo encantada pelo design e história da marca, há tempos não dá lucro, vende pouco (está em nono no ranking da Stellantis com cerca de apenas 50 mil unidades vendidas em 2020) e deverá passar por algum reposicionamento.

Sem investimentos e poucos produtos, as outras quatro marcas da Stellantis têm pouca força global e futuro incerto. É o caso de Dodge e Chrysler, respectivamente sétimo e oitavo maiores volumes do novo grupo (soma de cerca de 400 mil unidades em 2020), mas com vendas concentradas nos Estados Unidos.

A DS, marca de luxo da PSA destacada da Citroën há quase dez anos, bem como a moribunda Lancia herdada do Grupo Fiat e depois FCA, ocupam o fim do ranking de vendas em 10º e 12º lugares, respectivamente. Com volumes que mal passaram de 80 mil unidades em 2020, as duas marcas têm poucas chances de sobrevivência na Stellantis.

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