Competitividade do mercado será baseada pela Indústria 4.0
Infraroi -
Não basta para a indústria investir em ferramentas digitais visando uma gestão mais eficiente, maior produtividade e redução de custos
Everton Lopes – 06.01.2021
O setor industrial passa por uma verdadeira revolução com as novas possibilidades de atuação que a digitalização tem proporcionado. Hoje, a empresa que ainda não entrou na jornada da transformação digital já está atrasada pois não há dúvidas de que a competitividade do mercado será baseada pela Indústria 4.0 e o uso das novas tecnologias. Entretanto, esse rápido movimento tem imposto desafios não só para a companhia – que se vê obrigada em modernizar sua linha de produção – mas para todo um ecossistema devido à manutenção dos novos equipamentos que estão ditando o ritmo do mercado.
Não basta para a indústria investir em ferramentas digitais visando uma gestão mais eficiente, maior produtividade e redução de custos se na hora que uma máquina falhar toda a linha de produção ficar parada até que o reparo seja realizado. Ou seja, todo o esforço e investimento feito anteriormente será em vão, onde os prejuízos poderão ser até maiores se a transformação digital não ocorrer em todas as áreas da empresa. Isso desafia a indústria a ter a digitalização como uma aliada para conseguir prever falhas, ter assertividade nas manutenções preventivas, realizar um acompanhamento online do andamento das máquinas, e garantir a preservação dos equipamentos instalados, além de ter equipes técnicas cada vez mais qualificadas.
Por isso é fundamental que a digitalização da indústria seja acompanhada também pela mudança de mindset de seus gestores, pela maior capacitação dos profissionais que vão lidar com as ferramentas digitais no dia a dia, e também por toda a cadeia de fornecedores, que precisam estar alinhados com as atividades da empresa para auxiliar na reposição de uma nova peça ou reparo abrangendo uma nova tecnologia.
Na pandemia, o uso de novas tecnologias foi fundamental para a Siemens auxiliar seus clientes a manterem suas atividades ao necessitar de manutenção das máquinas em um período tão desafiador. No início da crise, quando ainda havia muitas dúvidas em relação ao novo coronavírus e com recomendações de distanciamento social em todo o mercado, a companhia passou a oferecer a seus parceiros óculos de realidade virtual que possibilitam a realização de serviços à distância com o acompanhamento de um especialista em tempo real, inovação essa que passou a ser permanente na atuação da empresa devido aos seus benefícios.
Há diversas outras tecnologias que hoje podem ser utilizadas pela área de manutenção. O gêmeo digital, por exemplo, ajuda a adotar novos sistemas de produção ao trazer o ambiente real para o virtual com 100% de precisão. Uma montadora pode detectar os gargalos e falhas que teria ao acelerar a sua linha de produção antes mesmo dessa mudança ser colocada em prática, gerando assim redução de custos e possíveis problemas com os veículos
Essas inovações já são realidade na indústria mas necessitam de uma mudança de perfil em toda a empresa, ou seja, a transformação digital não atinge apenas as máquinas mas também (e principalmente) as pessoas. São elas que vão garantir uma jornada de sucesso pois a tecnologia por si só não atingirá a expectativa das empresas do futuro. E para que isso ocorra elas precisam ser capazes e estarem abertas para essas mudanças que estão sendo proporcionadas com a digitalização.
Como pregou o professor e escritor austríaco Peter Drucker, tido como o “pai da Administração”, a “cultura engole a estratégia no café da manhã”. Por isso não adianta investir apenas em tecnologias pensando apenas no lucro. É essencial que a transformação digital ocorra na empresa como um todo e a manutenção é peça importante dessa engrenagem para alcançar os ganhos projetados. Estamos apenas no início dessa revolução e ferramentas inovadoras e disruptivas vão aparecer a todo momento, e o dever de casa precisa ser feito. Quem ainda não embarcou nessa jornada já está muito atrasado.
* Everton Lopes é responsável pela Unidade de Negócios Industry Services da Siemens.