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Anfavea avalia o desempenho das exportações

Recuo foi de 44% em relação a novembro e de 24,3% no ano, mas houve crescimento na comparação com dezembro de 2019


WILSON TOUME, PARA AB

Em sua primeira entrevista coletiva do ano, em que divulgou os resultados finais da indústria em 2020, a Anfavea (associação das fabricantes de veículos) avaliou que o desempenho das exportações foi bom diante das dificuldades impostas pela pandemia de coronavírus, mesmo com a queda nos embarques de 44% em relação a novembro. Foram exportados 38,4 mil veículos em dezembro, contra 44 mil no mês anterior, quando foi registrado o recorde de vendas externas do ano, com muitas empresas tendo antecipado remessas por conta da redução no ritmo de produção do fim de ano, além do aumento pontual de encomendas de países como Argentina, Colômbia, México e Chile.

Ainda assim, as fábricas trabalharam mais forte para abastecer os mercados externos e os volumes embarcados no mês passado foram 32,4% maiores do que o registrado em dezembro de 2019. “A indústria está tentando aumentar as exportações, na medida do possível, por isso o resultado ficou bem acima do mesmo mês do ano anterior”, observou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

No acumulado do ano, como era esperado, houve forte retração 24,3% sobre 2019, mas o porcentual de queda foi menor que o previsto na projeção divulgada pela entidade em outubro (-34%). Foram exportados 324,3 mil veículos em 2020, contra 428,2 mil do ano anterior. Moraes aproveitou para mostrar dados que comprovam a sucessão de quedas no total de veículos exportados pelo Brasil desde 2017, e voltou a apontar os problemas de falta de competitividade e outros obstáculos – como o aumento de ICMS anunciado pelo governo de São Paulo. “Ou seja, além da questão dos problemas enfrentados pela Argentina, nosso principal parceiro comercial na região, e da questão da pandemia, temos um problema estrutural, que a gente sempre tem procurado atacar, que afeta o desempenho da indústria nacional como um todo”, disse.

QUEDA NOS VALORES, MAS PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO

Já em valores, houve crescimento em dezembro, com US$ 841,6 milhões faturados com vedas ao exterior, contra US$ 791,4 milhões em novembro, o que representa crescimento de 6,3%. Da mesma forma, houve avanço de 28,8% na comparação com o valor obtido em dezembro de 2019, que havia sido de US$ 653,3 milhões. Mas no acumulado o recuo foi significativo, de 24,6% em relação a 2019, com US$ 7,4 bilhões contra US$ 9,8 bilhões um ano antes.

O presidente da Anfavea voltou a apontar a falta de competitividade do Brasil como um dos principais motivos pela queda nas exportações, e apresentou a sequência de quedas no valor total obtido pela indústria. Para se ter ideia, os US$ 7,4 bilhões registrados em 2020 equivalem a menos da metade do total obtido pelo setor com exportações em 2017, que foi de US$ 15,9 bilhões. “Eu reforço a mensagem sobre a necessidade de o Brasil melhorar a sua competitividade, porque caso contrário, o País vai seguir exportando apenas soja e minério de ferro”, afirmou.

Para este ano, a primeira projeção da Anfavea indica crescimento modesto nas exportações, com 353 mil veículos embarcados, o que representa avanço de 9% em relação às 324 mil unidades enviadas para exterior no ano passado. “A gente considera que a Argentina ainda vai seguir em dificuldades, mas Colômbia, Chile, Peru e outros mercados vão apresentar crescimento com o controle da pandemia”, explicou Luiz Carlos Moraes. O presidente da entidade ressaltou, porém, que os desafios provocados por uma possível segunda onda de contágios da Covid-19 preocupam bastante, e portanto qualquer previsão pode mudar em pouco tempo.

“Apesar das dificuldades, as empresas estão se esforçando para aumentar as exportações, que ainda estão muito abaixo do necessário. Este ano deveremos exportar algo como 10% da produção, se a nossa projeção se confirmar, enquanto o ideal seria mais de 30%", apontou Moraes. “Estamos em busca de novos mercados, mas também competimos com as próprias matrizes que também estão com fábricas ociosas. Assim o que já era difícil ficou pior. Por isso precisamos adotar medidas para melhorar nossa competitividade, ou nunca vamos superar o problema", acrescentou.

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