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Fabricantes de motocicletas não conseguem superar alta demanda

Fabricantes instalados no Polo Industrial de Manaus encontram dificuldades devido as restrições nas linhas de produção


PEDRO KUTNEY, AB

A Abraciclo, entidade que reúne os fabricantes do setor de duas rodas, calcula que os fabricantes de motos instalados no Polo Industrial de Manaus (PIM) estão devendo algo entre 150 mil e 200 mil unidades a entregar aos clientes, que em alguns casos estão em filas de espera há mais de três meses. A associação informa que o descompasso entre oferta e demanda aquecida ainda é reflexo das paralisações das linhas de produção no PIM em abril e maio de 2020 para conter a pandemia de coronavírus, depois a volta ao trabalho com capacidade reduzida nos meses seguintes e agora com novas restrições trazidas pelo alastramento descontrolado da Covid-19 no Amazonas.

"Até agora não conseguimos tirar a diferença do que deixamos de produzir com as paradas de dois meses. Se produzimos perto de 100 mil motor por mês, é algo próximo disso que ainda não entregamos. Estava nos planos atender toda essa demanda no primeiro trimestre, mas as novas restrições à produção em Manaus nos colocam dificuldades adicionais", avalia Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo

Segundo o dirigente, a projeção era produzir cerca de 100 mil motos em janeiro, mas este número deve cair à metade, 50 mil, com a paralisação nesta última semana do mês da maior fábrica do PIM, a Honda (leia aqui), e o trabalho em ritmo reduzido a apenas um turno nos demais fabricantes.

Fermanian aponta que toda a cadeia do setor está impactada. A imposição de restrições à circulação e toque de recolher em Manaus prejudica o acesso dos empregados e reduz o ritmo de produção, seja por falta de pessoas, componentes ou ambos.

“Com todas as restrições que tivemos para produzir em 2020, com adoção de protocolos para manter o distanciamento entre as pessoas, o ritmo das fábricas caiu e não conseguimos compensar os meses parados. Precisamos contratar mais funcionários e mesmo assim a produtividade caiu de 91 motos produzidas por empregado em 2019 para 75 no ano passado”, explica Fermanian. “Por isso até agora temos esse descompasso entre produção e demanda”, resume.

De acordo com o presidente da Abraciclo, a procura por motos aumentou no mesmo compasso em que a pandemia fez crescer as compras on-line e as entregas por motofretes, que se transformaram em válvula de escape contra o desemprego e falta de renda. Assim o aquecimento da demanda por motos aumentou o déficit de produção e os concessionários terminaram 2020 quase sem estoque para pronta-entrega.

“Existem clientes com financiamentos aprovados à espera de motos. A pendência também é alta na entrega para consorciados (que foram comtemplados ou pagaram lance). Hoje a produção não consegue atender. Esperávamos resolver tudo até o fim de março, mas com as dificuldades adicionais em Manaus pode ser que demore um pouco mais”, lamentou Fermanian.
 

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