Consultoria IHS Markit estima que em 2021 serão vendidos 2,45 milhões de veículos leves no Brasil
Automotive Business -
Consultoria calcula desempenho 200 mil unidades acima do previsto por Anfavea e Fenabrave
PEDRO KUTNEY, AB
Em seu primeiro relatório do ano de projeções para os mercados brasileiro e argentino (publicado regularmente por Automotive Business), a consultoria IHS Markit estima que em 2021 serão vendidos 2,45 milhões de veículos leves no Brasil, em crescimento de 25% sobre 2020.
A previsão indica que o volume ainda ficará abaixo do registrado em 2019, de 2,66 milhões de automóveis e comerciais leves, mas é sensivelmente mais otimista do que as expectativas divulgadas no início do mês por Anfavea e Fenabrave, respectivamente as associações que reúnem os fabricantes e seus concessionários no País. Ambas as entidades têm projeções mais conservadoras, esperam por vendas totais de 2,25 milhões, em alta de 15% sobre o ano anterior, ou 200 mil veículos abaixo e evolução porcentual 10 pontos inferior do que prevê a IHS Markit.
Anfavea e Fenabrave avaliam que o bom impulso nas vendas no último trimestre de 2020 deverá ser refreado no início deste ano pelo recrudescimento da pandemia de coronavírus, o aumento do ICMS aplicado sobre veículos novos e usados no Estado de São Paulo (responsável por quase um terço dos emplacamentos no País) e o fim da isenção de IOF nos financiamentos. A avaliação é que essa combinação de fatores negativos deve ter impacto no resultado do ano todo.
Embora também reconheça esses fatores, a IHS Markit estima que eles poderão ser parcialmente compensados por uma maior demanda nos próximos meses, como aconteceu em 2020 dois meses após o impacto da pandemia, iniciado no meio de março quando as vendas diárias atingiram o menor patamar do ano (apenas mil unidades/dia). Em dezembro esse indicador alcançou o maior volume em 12 meses, chegando a 11.595 veículos leves emplacados a cada dia útil, totalizando 231,9 mil emplacamentos no mês.
Esse ritmo de vendas indica um ano à frente de quase 2,5 milhões de unidades, segundo aponta o índice SAAR (Seasonnally Adjusted Annual Rate) calculado pela consultoria, que anualiza o resultado mensal com ajustes para suavizar as variações sazonais que ocorrem durante o ano.
Com base no resultado esperado de 2021, a IHS Markit também apresentou sua projeção para o mercado brasileiro em 2022, estimando a venda de 2,62 milhões de veículos leves (volume mais próximo do registrado em 2019), o que revela evolução mais contida do mercado nacional, que seria de apenas 7,1% em relação ao ano anterior.
PRODUÇÃO DE 2,51 MILHÕES EM 2021
Prevendo menos restrições e paralisações, a IHS Markit estima que a produção de veículos leves no Brasil em 2021 deve crescer mais que a evolução do mercado, totalizando 2,51 milhões, em alta de 28,9% sobre 2020 – projeção um pouco melhor também do que a divulgada pela Anfavea, que calcula que as fabricantes instaladas no País vão produzir 2,38 milhões de automóveis e comerciais leves, volume 25% maior do que o do ano anterior.
Para 2022 a projeção da consultoria é que a produção brasileira de veículos leves alcance 2,74 milhões, em crescimento mais tímido de 9% ante 2021, e ainda bastante abaixo das quase 3 milhões de unidades fabricadas em 2019.
ARGENTINA
A Argentina deverá seguir fortemente afetada pela crise econômica iniciada dois anos antes da pandemia, que acirrou ainda mais o problema. A IHS Markit projeta crescimento mais acelerado da produção do que das vendas domésticas, graças à recuperação esperada no Brasil, destino de mais da metade das exportações de veículos do país vizinho.
A consultoria prevê a produção de 377,5 mil veículos leves na Argentina este ano, o que revela substancial alta de 40,7% sobre 2020, mas sobre base muito baixa de apenas 268,2 mil unidades produzidas. Devido aos protocolos de prevenção à Covid-19 adotados no país, as fábricas argentinas ficaram fechadas por cerca de dois meses em média, o que puxou os números para níveis historicamente muito baixos.
Para 2022, sem expectativa de interrupção nas fábricas, a IHS projeta evolução bem mais tímida da produção argentina, de apenas 2,9%, para 388,5 mil veículos.
A estimativa para o mercado doméstico argentino este ano é de 369,4 mil veículos leves vendidos, em crescimento de 15,1% sobre 2019. Para 2022 a previsão é de crise continuada, com expansão de apenas 2,5%, para 378,7 mil unidades.