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Expectativa da Scania para 2021 é crescimento de 15% para caminhões e de 13% para chassis de ônibus

Sem estoques, marca foi a que mais perdeu participação e vendas nos mercados de caminhões e ônibus


PEDRO KUTNEY, AB

Em 2020 a Scania pagou o preço de seu modelo de negócio de só produzir um veículo após a confirmação do pedido do cliente. Com isso, a empresa entrou na crise da pandemia de coronavírus iniciada em março com a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) fechada e sem estoques. O resultado foi a falta de produtos a entregar até a produção voltar a funcionar, após cerca de dois meses de paralisação, o que levou à maior queda de vendas e perda de participação de mercado entre todas as fabricantes de caminhões e ônibus no País. Assim a expectativa para 2021 é retomar o terreno perdido, com projeções de crescimento de 15% para caminhões e de 13% para chassis de ônibus – em linha com as previsões divulgadas no início do ano pela Anfavea.

No total, em 2020 a Scania vendeu 8.690 caminhões pesados (todos da nova geração lançada no ano anterior), o que representou queda significativa de 31% sobre o volume de 2019, e redução de 24,5% para 19,6% na participação de mercado no segmento de modelos como capacidade de tração acima de 45 toneladas. Foram vendidos 394 chassis de ônibus, em forte retração de 56% que levou a marca à última posição entre as seis fabricantes no País, ficando com market share de apenas 2,8%. O declínio foi potencializado pelo fato de a Snania ter no portfólio mais chassis com motorização traseira para aplicações rodoviárias, justamente o segmento mais afetado pela crise.

“Mesmo com essa perda de participação que tivemos, acreditamos que nosso modelo de só produzir sob encomenda é mais eficiente. Perdemos algumas vendas, mas nós e os concessionários não precisamos gastar capital com estoque e preservamos melhor o caixa na pandemia quando tudo parou”, defendeu Roberto Barral, vice-presidente de operações comerciais da Scania Brasil.

Apesar do desempenho fraco, o executivo lembra que em 2020 o mercado brasileiro continuou a ser o maior da Scania no mundo, o que justifica a manutenção do plano de investimento de R$ 1,4 bilhão de 2021 a 2024 anunciado em 2019 (leia aqui) – em sucessão ao programa de R$ 2,6 bilhões de 2016 a 2020 –, para a modernização contínua da fábrica brasileira e desenvolvimento de produtos e novas tecnologias. Também foram mantidos os lançamentos de veículos com motorização a gás metano ou biometano, com as entregas dos primeiros 70 caminhões no ano passado e mais pedidos este ano; e este mês começam os testes com o primeiro ônibus rodoviário a gás.

“Seguimos acreditando muito no potencial do Brasil. Em 2021 ainda temos incertezas, mas vemos aumento de demanda dos embarcadores, inclusive por veículos a gás. Com o avanço da vacinação, a expectativa é de crescimento em todas as operações”, avalia Roberto Barral.

HORIZONTE DE RECUPERAÇÃO

“Entramos na crise do ano passado com 2 mil pedidos em carteira. Com a fábrica parada e sem estoques, não tivemos tempo de recuperar essa perda. Se não houver mais nenhuma paralisação este ano, a perspectiva é muito positiva e a tendência é de retomar toda a participação que tínhamos antes da pandemia”, avalia o diretor de vendas e serviços Silvio Munhoz.

Segundo o executivo, os setores de agronegócio, mineração e construção civil continuam em forte expansão, o que deverá sustentar o crescimento em torno de 15% do mercado de caminhões em 2021. Já para o segmento de ônibus as expectativas são menores, mas também existe perspectiva de avanço na casa dos 13%.

“O segmento de ônibus foi tão ruim em 2020 que esse resultado não deve se repetir, por isso esperamos crescimento em 2021. Para se ter uma ideia, antes da pandemia nosso monitoramento indicava em que em média cada ônibus estava rodando 11 mil quilômetros por mês, número caiu para apenas 10% disso nos meses seguintes e no fim do ano chegou a 60%. Agora estamos vendo voltar a 80% e existe uma demanda reprimida por renovação de frotas”, explica Munhoz.

REDE SCANIA CRESCE E OFERECE MAIS SERVIÇOS

Apesar do ano de forte retração, a rede de concessionárias Scania ganhou mais sete casas em 2020, soma agora 155 pontos, e está prevista a inauguração de mais 10 até o fim de 2021. A venda de contratos de manutenção também cresceu 12% no ano passado: 44% dos veículos vendidos saíram da loja amarrados a algum plano (contra 40% em 2019) e este ano a expectativa é que esse porcentual avance para 46%, segundo o diretor de serviços Marcelo Montanha.

Também é crescente a adesão dos clientes a planos de conectividade. A Scania terminou 2020 com frota de 40 mil veículos conectados (38 mil caminhões e 2 mil ônibus) e perto de 90% dos novos modelos vendidos contam com sistemas de conexão. “A meta este ano é alcançar 95% e chegar a 50 mil unidades conectadas”, diz Montanha. Ele explica que os transportadores estão descobrindo rapidamente as vantagens do rastreamento e monitoramento de suas frotas, com ganhos financeiros consideráveis.

Um levantamento com 22 mil veículos conectados mostra que o sistema de gestão de frotas da Scania em 2020 permitiu economia de 10,2 milhões de litros de diesel aos clientes, equivalente a cerca de R$ 36 milhões.

De 45% a 50% das vendas da Scania em 2020 tiveram a participação da unidade de serviços financeiros do grupo, por meio de contratação de financiamentos ou consórcios. O banco também conta com linhas de crédito especiais para a aquisição de veículos de baixo carbono, caso do caminhões e ônibus a gás. “No primeiro semestre do ano passado o maior foco foi na ajuda ao fluxo de caixa dos clientes. No segundo semestre eles voltaram a pagar e voltamos a crescer”, afirma Martin Sörensson, presidente da divisão que integra o banco, administradora de consórcio e corretora de seguros da Scania. Ele informa que em 2021 a meta é continuar a participar de mais da metade dos negócios da fabricante. 

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