Reajustes dos preços do aço prejudicam a recuperação de quase todos os segmentos da indústria

Associação dos fabricantes de implementos rodoviários reclama de novos aumentos e afirma que preços do insumo cresceram 86% em 2020


REDAÇÃO AB

Os reajustes galopantes dos preços do aço praticados pelas siderúrgicas nos últimos 12 meses já encostam em 100% e prejudicam a recuperação de quase todos os segmentos da indústria de transformação que dependem do aço para produzir. Essa foi uma reclamação constante de fabricantes de autopeças e veículos no segundo semestre de 2020 (leia aqui), mas a situação continuou a piorar este ano. Em comunicado enviado à imprensa na sexta-feira, 12, a Anfir, associação dos fabricantes de implementos rodoviários (carretas e carrocerias de carga) que têm 70% de seus custos de produção centrados na compra do insumo metálico, alerta que aumentos já feitos e pretendidos trazem sério risco à recuperação do setor.

“O aço teve aumento superior a 86% em 2020 e a maior parte desse custo não foi repassado ao cliente final. O País está saindo do quarto ano de crise e não tem cabimento aumentar preço de matéria-prima. Isso vai quebrar o ritmo de recuperação e vamos retroceder”, afirma Norberto Fabris, presidente da Anfir.

Este ano, em menos de dois meses as três maiores siderúrgicas fornecedoras de aço no País, Usiminas, Gerdau e CSN, voltaram a reajustar seus preços entre 12% e 15% em janeiro e anunciaram aplicar mais 15% em fevereiro. Segundo informações de mercado, as aciarias cogitam aplicar reajustes entre 45% e 50% a partir de junho.

“O reajuste inoportuno é a pior notícia que poderíamos receber em meio a recuperação. O aço tem uma participação na produção de nossos produtos de até 70%. Não temos condições de absorver esse custo e seremos diretamente prejudicados”, reclama o presidente da Anfir.

Segundo Fabris, o mercado não aceita reajustes desse tamanho e assim não é possível repassar aos transportadores, o que obriga os fabricantes a absorver a alta de custos, prejudicando a saúde financeira das empresas. “Reajustar valores nesse momento vai provocar parada forte nas vendas porque os clientes não têm condições de pagar por esse aumento. A situação do transportador também é complicada porque o valor do frete está estagnado e impede o repasse de eventuais aumentos aos clientes”, explica o dirigente.

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