Neoenergia desenvolve projeto para uso de drones em inspeções de redes de distribuição e transmissão da companhia
Portal Fator Brasil -
Iniciativa se destaca por integrar diversas tecnologias em um só dispositivo, tais como termovisão, mapeamento 3D e georreferenciamento
Está em desenvolvimento na Neoenergia um projeto para uso de drone em inspeções de redes de distribuição e transmissão da companhia. A iniciativa se destaca por integrar diversas tecnologias em um só dispositivo, tais como termovisão, mapeamento 3D e georreferenciamento, além de trazer dois diferenciais importantes ainda não disponíveis no setor elétrico: análise de crescimento de vegetação em ambiente móvel e estudo do efeito corona, que permitem identificar a necessidade de poda de árvores e o superaquecimento das linhas, respectivamente. Aliado a isso, o equipamento terá tecnologia de autocarregamento e será integrado a um sistema inteligente de gestão. O projeto, que é uma realização do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), permitirá às concessionárias realizar as manutenções preventivas e preditivas das redes de forma mais precisa, reforçando a confiabilidade no fornecimento de energia.
O drone, ou VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado), será uma plataforma modular. “Isso significa que o sistema poderá agregar diversas funções, ou módulos, de acordo com a necessidade, para diagnóstico, inspeção e cadastro automático de ativos elétricos”, informa o gerente corporativo de Pesquisa e Desenvolvimento da Neoenergia, José Antonio Brito. Dessa forma, as equipes de campo utilizarão o drone para as inspeções periódicas e os operadores podem identificar falhas na rede, agindo de forma a evitar possíveis ocorrências. É possível também utilizar o equipamento em fiscalização de obras – o VANT visualiza os cabos, envia informações para o sistema e faz a comparação com o planejado no projeto. Outro uso da inovação está na atualização do sistema da companhia, ao identificar redes que não estão cadastradas, além de atuar na prospecção de perdas – ou seja, ativos da rede que são indevidamente utilizados com ligações clandestinas.
Pioneirismo — Um dos diferenciais das funcionalidades do VANT é o acompanhamento do crescimento da vegetação de forma móvel. Hoje, as opções existentes no setor elétrico fazem essa análise somente de um ponto fixo, como um parque ou praça. Com a criação da Neoenergia, o mapeamento vai passar a ser móvel. Isso será possível ao aliar as tecnologias já existentes na agricultura – para análise do solo e cultivo – com as ferramentas de estudo de vegetação fixa. O resultado é que o drone, ao sobrevoar uma área, vai identificar o tipo de árvore existente no local e cruzar a informação com o banco de dados do sistema, que aponta o tempo médio de crescimento daquela espécie – 5cm ao ano, por exemplo – e a distância que ela está da rede elétrica. A partir daí, é possível precisar quando será necessário fazer a poda da árvore antes que ela alcance a fiação, o que contribui para a integridade da rede de energia.
Outra inovação presente no projeto da Neoenergia é o desenvolvimento de sensores para estudo do efeito corona, um fenômeno na eletricidade que causa sobreaquecimento nas linhas de transmissão e diminui o tempo de vida útil dos equipamentos. A essa análise, soma-se a tecnologia de termovisão, que identifica aquecimento dos cabos, o que pode gerar ruptura ou falha no isolamento e gerar interrupção de energia. O drone também será capaz de fazer georreferenciamento, responsável por informar as coordenadas exatas dos equipamentos de rede e mapeamento 3D, que permite uma visão mais precisa do campo.
— Todos esses elementos contarão com um sistema inteligente de gestão integrada, capaz de rodar algoritmos específicos de visão computacional, realidade aumentada, além de inteligência artificial, que permitem o controle e monitoramento pelo operador de todas as atividades de forma otimizada e centralizada, com processamento de imagens em uma base de dados única — declara o gerente do projeto na Neoenergia, Jonatan Delfino. O gerente aproveita para destacar que o VANT da Neoenergia está sendo desenvolvido de acordo com todas as normas de segurança da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), já que o aparelho realiza planos de voo. Com isso, no caso de qualquer ocorrência, o drone pode ser acionado remotamente pela equipe de operação para percorrer determinado local. Ao fazer o plano de voo, o drone escaneia a região, detecta a falha automaticamente e notifica o operador, que pode tomar decisões ágeis a partir daí.
Desafio tecnológico — O projeto prevê ainda o estudo de várias possibilidades para o autocarregamento do drone. Uma delas utilizaria a metodologia de carregamento por contato direto, que pode acontecer no próprio veículo da distribuidora que faz a vistoria em campo. A outra opção é efetuar a carga por radiofrequência, através do campo eletromagnético gerado a partir dos cabos de eletricidade. Com a instalação de um receptor no drone, a sua proximidade com a rede – sem toque – realizaria a recarga pela captação da frequência. Estuda-se também o carregamento por base fixa ou móveis. Com isso, seria instalada uma base em postes ou próxima a subestações. Nessa opção, a energia solar alimentaria a bateria que, por sua vez, carrega o drone.
O desenvolvimento do VANT está em fase inicial de pesquisa e tem previsão de conclusão em dezembro de 2023. Ao final, a iniciativa irá entregar três drones e seus respectivos sistemas de inteligência para uso nas distribuidoras da Neoenergia.