Mercedes-Benz termina 2020 na liderança de vendas no País de caminhões pelo quinto ano consecutivo
Automotive Business -
Mercado brasileiro de caminhões e ônibus é o maior da marca no mundo; empresa projeta sustentar liderança
PEDRO KUTNEY, AB
A Mercedes-Benz conseguiu superar em boa medida as adversidades impostas pela pandemia de coronavírus: terminou 2020 na liderança de vendas no País de caminhões pelo quinto ano consecutivo e de ônibus há 64 anos seguidos; as entregas de seus veículos de carga caíram 4% em relação a 2019, bem menos do que a retração média do setor de 12%, e sua participação no segmento aumentou significativamente para além dos 30%; e o Brasil voltou a ser o maior mercado do mundo para os caminhões da marca, superando a Alemanha, e seguiu no topo em chassis de ônibus. Para 2021, a expectativa é de crescimento em ambos os segmentos e o objetivo é sustentar o terreno conquistado, dentro da perspectiva de expansão de 15% do mercado de caminhões e de 13% no de ônibus.
Karl Deppen, que assumiu em julho na presidência da subsidiária brasileira da Mercedes-Benz, creditou o resultado de 2020 ao esforço da empresa em oferecer tudo que o cliente precisa, incluindo portfólio amplo e renovado de produtos e a maior rede de concessionárias de veículos comerciais do País, com 181 casas.
“Mesmo em um ano fortemente impactado pela pandemia, superamos os obstáculos e mantivemos a nossa marca no topo. Este resultado é um reconhecimento dos clientes ao nosso amplo portfólio de produtos e serviços. Nós vamos continuar investindo em nossa competitividade no Brasil com um plano centrado em novos produtos e tecnologias”, disse Karl Deppen.
Em uma entrevista virtual na quarta-feira, 24, para divulgar os resultados de 2020 e as perspectivas para 2021, o presidente da Mercedes-Benz do Brasil destacou que o País voltou a ser o maior mercado de caminhões da marca no mundo, com 20% das vendas globais da companhia, e seguiu no primeiro lugar na comercialização de ônibus, com 17% dos negócios da Daimler Buses. “É portanto uma operação importantíssima para o Grupo Daimler. É um grande país, com grandes necessidades de transporte. Continuamos com nossos investimentos aqui porque acreditamos no potencial desse mercado”, afirmou Deppen.
O atual programa de investimentos da Mercedes-Benz no Brasil prevê aportes de R$ 2,4 bilhões de 2018 a 2022. Deste total, R$ 1,4 bilhão já foi aplicado no desenvolvimento e lançamento do novo Actros, modelo de caminhão extrapesado que começou a ser entregue aos clientes brasileiros o meio do ano passado. Outros R$ 200 milhões foram investidos na construção de linhas de manufatura digitalizadas 4.0 para produção de caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo (SP). Os R$ 800 milhões restantes, segundo Deppen, vão para novas versões de produtos e serviços que serão lançados entre este ano e o próximo.
“A retração de 2020 matou o crescimento da economia brasileira em 2017, 2018 e 2019. Agora espera-se este ano expansão de 3,4% do PIB, segundo projeção do Banco Central. Reduzir o custo de produção no Brasil é um ponto crucial. Temos aqui preços de commodities mais caros do que em outras partes do mundo. A falta de componentes como semicondutores e a desorganização das cadeias logísticas também limitam a recuperação neste momento. Todos esses fatores trazem um grande peso ao setor”, avalia Deppen.
Apesar dos problemas, a expectativa é de continuar a crescer no País com evolução tecnológica sob medida para as necessidades dos clientes. “Temos tecnologia e produtos eletrificados que no futuro deverão chegar ao País, mas não se deve esquecer da infraestrutura que isso requer. Em um país gigante como Brasil esse é um grande desafio. Precisamos oferecer as soluções certas para cada momento. Os veículos comerciais elétricos deverão começar a circular primeiro nas cidades aqui. Para as aplicações rodoviárias outras soluções têm de ser aplicadas, a começar por motores diesel mais econômicos, o que já estamos fazendo”, afirmou o executivo.
DESEMPENHO ACIMA DO ESPERADO EM 2020
Em 2020 a Mercedes-Benz conseguiu aumentar sua participação no mercado brasileiro de caminhões pelo terceiro ano consecutivo. Com 26.769 unidades vendidas, a marca teve uma pequena queda de 4,4% na comparação com 2019, pouco em relação à retração de 12% das vendas totais de veículos de carga, mas aumentou expressivamente seu market share de 29,1% para 31,6% de um ano para o outro, o que compensou parcialmente parte da perda de volume no ano, essencialmente causada pela paralisação da produção em março e abril, que a empresa não conseguiu retomar plenamente por causa da falta de insumos para produzir.
“A verdade é que não esperávamos esse desempenho quando a pandemia chegou aqui em 2020. Felizmente estávamos bem preparados para crescer, reagimos rápido e o mercado não caiu tanto quanto se imaginava”, avalia Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.
O executivo credita o desempenho acima das expectativas aos esforços em atender as necessidades dos clientes. Ele cita o exemplo do lançamento em maio passado do showroom virtual da marca, a Star Online, que soma mais de 920 mil visitas e concretizou até agora a venda de 200 veículos no ambiente 100% digital.
Entre os bons resultados do ano, a marca liderou as vendas de caminhões pesados com participação de 28,5% em um segmento repleto de concorrentes bem posicionados como Volvo e Scania. O modelo pesado Mercedes-Benz mais emplacado no ano foi o Actros 2651, com 2.651 unidades vendidas em seu último ano – após quase 11 mil unidades vendidas desde 2015, o caminhão parou de ser produzido em dezembro, para dar lugar à nova geração do Actros, que começou a ser entregue aos primeiros clientes no meio do ano passado.
“Ganhamos clientes com o Actros 2651 porque entregamos robustez e economia. Com o novo Actros esperamos repetir os bons resultados. Mesmo com o certo atraso nas entregas provocados pela pandemia, conseguimos fechar bons negócios”, disse Leoncini, apontando que foram vendidas 637 unidades da nova família de caminhões pesados em 2020. “A tecnologia do novo Actros está conquistando vendas. Com ele nossa expectativa é de sustentar a liderança do mercado nacional de caminhões pelo sexto ano e manter nossa participação acima dos 30%”, projeta Leoncini.
Dentro da expectativa de crescimento de 15% do mercado nacional de caminhões este ano, o executivo aponta que as vendas deverão ser puxadas pelos setores de agronegócio, mineração, óleo e gás, cargas fracionadas do comércio eletrônico, locações, logística e farmacêutico.
No mercado de ônibus o ano foi bem mais difícil para a Mercedes-Benz, que lidera as vendas do segmento desde que chegou ao País, há 64 anos. A fabricante vendeu 6.461 chassis, o que representou forte queda de 42,1% sobre 2019 – acima da retração média de 33,3%. Com isso, a participação da marca caiu de 53,8% para 46,7% de um ano para o outro.
“O segmento de ônibus foi o que mais sofreu com a pandemia e a Mercedes caiu mais porque perdeu participação no programa Caminho da Escola, que praticamente sustentou as vendas em 2020. Ainda assim ficamos com 70% das vendas de modelos urbanos e 50% dos rodoviários. Nossa expectativa é que o mercado volte a crescer perto de 13% em 2021 e nosso objetivo é voltar a ter market share acima dos 50%”, afirmou Leoncini. Modelos para o Caminho da Escola e para fretamento deverão continuar a sustentar as vendas este ano.
O executivo também destacou o crescimento recorde de 17% nas vendas da área de peças e serviços da Mercedes-Benz, com aumento de 5% na aquisição de planos de manutenção. “A pandemia acabou favorecendo o negócio, porque as concessionárias continuaram abertas para a manutenção de caminhões, enquanto oficinas independentes fecharam. Assim atraímos mais clientes”, explica o vice-presidente, destacando que 39% dos caminhões da marca vendidos em 2020 tinham planos de manutenção, índice que sobre para 60% no caso dos modelos extrapesados.
O Banco Mercedes-Benz também bateu seu recorde de participação nos negócios da fabricante, financiando 40% das vendas de caminhões e 65% das de ônibus. A venda de consórcios cresceu 18%.