Resultados do segundo semestre de 2020 do Grupo Renault marcam etapa da recuperação do Grupo
Revista Fator Brasil -
A forte melhoria da rentabilidade operacional no segundo semestre demonstra os primeiros impactos positivos das ações realizadas
Os resultados do segundo semestre de 2020 (margem operacional de 3,5% para o Grupo, fluxo de caixa livre operacional positivo da Divisão Automotiva) marcam uma primeira etapa da recuperação do Grupo. O alcance de 60% dos objetivos do plano de economias de 2 bilhões de euros desde o primeiro ano (contra os 30% anunciados) e a implementação da nova política comercial do plano estratégico “Renaulution” levaram a estes resultados. Entretanto, o exercício fiscal de 2020 foi fortemente impactado pela Covid-19.?
Volumes de vendas de 2,95 milhões de veículos, em recuo de -21,3% (-6,8% no segundo semestre). Faturamento do Grupo em retração de -21,7%, para 43,5 bilhões de euros (-18,2% para taxas de câmbio comparáveis). No segundo semestre, o faturamento recuou -8,9%. Margem operacional do Grupo de -337 milhões de euros (-0,8% do faturamento). Ela ficou positiva à altura de 866 milhões de euros (3,5% do faturamento) no segundo semestre. Resultado operacional do Grupo de -1.999 milhões de euros (+8 milhões de euros no segundo semestre). Ele considera uma alta de quase um bilhão de euros das despesas associadas à recuperação da competitividade (reestruturação e ajustes de valores de ativos). Resultado líquido de -8.046 milhões de euros (-660 milhões de euros no segundo semestre), contra 19 milhões de euros em 2019. Fluxo de caixa livre operacional da Divisão Automotiva negativo em -4.551 milhões de euros, após uma contribuição positiva de 1.824 milhões de euros no segundo semestre. O Grupo Renault atingiu seus objetivos CAFE (carros de passeio e veículos utilitários leves) na Europa, onde mantém a liderança em veículos elétricos. A escassez de componentes eletrônicos que afeta toda a indústria automotiva não poupou o Grupo, que fez o possível para limitar ao máximo o impacto da situação sobre a produção. O pico da escassez destes componentes deve ser atingido no segundo trimestre. Nossa estimativa mais recente, que leva em conta uma recuperação da produção no segundo semestre, aponta para um risco da ordem de 100 mil veículos no ano. De acordo com o plano “Renaulution”, o Grupo vai continuar implementando ações visando à sua recuperação e confirma os objetivos para 2023 comunicados durante o anúncio desse plano.
— Após um primeiro semestre impactado pela Covid-19, o Grupo recuperou sua performance fortemente no segundo semestre. Este resultado é fruto dos esforços de todos, da aceleração bem-sucedida do plano de redução dos custos fixos e melhoria de nossa política de preços. Demos prioridade à lucratividade e geração de caixa, conforme anunciado em nosso plano estratégico ‘Renaulution’. O ano de 2021 será difícil, com incertezas associadas às crises sanitárias, assim como o abastecimento de componentes eletrônicos. Vamos enfrentar esses desafios coletivamente, na dinâmica de recuperação que adotamos desde meados do ano passado — declarou Luca de Meo, CEO do Grupo Renault.
O faturamento do Grupo atingiu 43.474 milhões de euros (-21,7%). Com exceção do impacto das moedas, o faturamento do Grupo teria tido uma queda de -18,2%.
O faturamento da Divisão Automotiva com exceção da Avtovaz ficou em 37.736 milhões de euros, em queda de -23,0%.
O efeito dos volumes ficou negativo em -19,2 pontos. Ele se explica essencialmente pela crise sanitária e, em uma menor medida, pela mudança da política comercial que passou a privilegiar a lucratividade e não os volumes. As vendas às empresas parceiras tiveram uma retração de -5,1 pontos, igualmente impactadas pela crise sanitária e interrupção da produção do Rogue para a Nissan.
O efeito do câmbio, negativo em -2,8 pontos, é associado à forte desvalorização do Peso Argentino, Real Brasileiro e Lira Turca, e em menor medida do Rublo Russo.
O efeito dos preços, positivo em 3,9 pontos, provém de uma política de preços mais ambiciosa e medidas de compensação destas desvalorizações.
O efeito do mix de produtos ficou positivo em 1,1 ponto, graças ao aumento das vendas do ZOE. Os efeitos do item “outros” tiveram um peso negativo de -1 ponto, em razão principalmente de uma queda da contribuição das vendas de peças e acessórios, que foram fortemente impactados pelos decretos de quarentena no primeiro semestre.
A margem operacional do Grupo chegou a -337 milhões de euros e representa -0,8% do faturamento (contra 4,8% em 2019) graças à nítida recuperação no segundo semestre (3,5% do faturamento).
A margem operacional da Divisão Automotiva com exceção do Avtovaz teve queda de -2 734 milhões de euros, para -1.450 milhões de euros, representando -3,8% do faturamento contra +2,6% em 2019. No segundo semestre, ela ficou positiva em 198 milhões de euros (0,9% do faturamento).
Os elementos seguintes explicam essa variação: A queda da atividade (volumes e vendas às empresas parceiras) teve um impacto negativo de -2 556 milhões de euros.
O efeito mix/preços/enriquecimento ficou positivo em 172 milhões de euros, apesar do enriquecimento dos novos produtos e do conteúdo regulamentar.
O efeito Monozukuri foi positivo em 36 milhões de euros, após consideração de um impacto negativo de -479 milhões de euros associado à alta das amortizações e queda da taxa de capitalização de P&D.
As matérias-primas tiveram um peso de -131 milhões de euros, essencialmente em razão da alta dos preços dos metais preciosos.
A melhoria de 172 milhões de euros das despesas gerais se explica em parte pela diminuição da atividade no primeiro semestre, mas também pelos esforços da empresa para limitar seus custos no âmbito do plano “2o22”.
O câmbio teve um impacto de -428 milhões de euros, sob o efeito da queda de nossas principais moedas, e apesar do efeito positivo da depreciação da Lira Turca sobre os custos de produção. A contribuição da AVTOVAZ para a margem operacional chegou a 141 milhões de euros, contra 155 milhões de euros em 2019. Este resultado destaca a resiliência da AVTOVAZ no contexto da crise sanitária.
A contribuição da Divisão de Financiamento das Vendas para a margem operacional do Grupo chegou a 1.007 milhões de euros, contra 1.223 milhões de euros em 2019. Essa queda se explica pela diminuição da atividade, com uma retração de -17% dos novos financiamentos e pela alta do custo do risco, representando 0,75% da média dos ativos produtivos, contra 0,42% no ano passado.
A contribuição dos Serviços de Mobilidade para a margem operacional do Grupo chegou a -35 milhões de euros em 2020.
Os outros produtos e despesas operacionais ficaram em -1.662 milhões de euros (contra -557 milhões de euros em 2019). Essa deterioração provém da forte alta dos custos de restruturação e depreciações de ativos.
O resultado operacional do Grupo ficou em -1.999 milhão de euros, contra 2.105 milhões de euros em 2019, após consideração da forte alta das outras despesas operacionais associadas às medidas de melhoria da competitividade.
O resultado financeiro chegou a -482 milhões de euros, contra -442 milhões de euros em 2019, em razão da alta do endividamento médio.
A contribuição das empresas associadas chegou a -5.145 milhões de euros, contra -190 milhões de euros em 2019. A contribuição de Nissan foi negativa à altura de -4.970 milhões de euros e as das outras empresas associadas ficou em -175 milhões de euros.
Os impostos correntes e diferidos representam uma despesa de -420 milhões de euros, contra uma despesa de -1.454 milhões de euros em 2019.
O resultado líquido ficou em -8.046 milhões de euros e o resultado líquido de participação do Grupo chegou a -8.008 milhões de euros (-29,51 euros por ação contra -0,52 euro por ação em 2019).
O fluxo de caixa livre operacional da Divisão Automotiva, incluindo a AVTOVAZ, ficou negativo à altura de -4.551 milhões de euros sob o efeito da diminuição da margem operacional, variação das necessidades de capital de giro e ausência de pagamento de dividendos pela RCI após as decisões do Banco Central Europeu. Considerando apenas o segundo semestre, o fluxo de caixa livre ficou positivo em 1.824 milhões de euros, em razão do controle dos investimentos e inversão da variação das necessidades de capital de giro, o que não foi suficiente para compensar a variação do primeiro semestre.
A posição líquida de liquidez da atividade da Divisão Automotiva ficou negativa em -3.579 milhões de euros em 31 de dezembro de 2020, contra uma situação positiva de 1.734 milhões de euros em 31 de dezembro de 2019.
A atividade da Divisão Automotiva dispunha, em 31 de dezembro de 2020, de reservas de liquidez de 16,4 bilhões de euros.
Em 31 de dezembro de 2020, os estoques totais (incluindo a rede independente) chegaram a 486.000 veículos, em queda de mais de 100 mil unidades (-19%). Eles representam 61 dias de venda contra 68 dias no fechamento de dezembro de 2019.
O Conselho de Administração vai propor, na Assembleia Geral dos Acionistas prevista para 23 de abril de 2021, o não pagamento de dividendos referentes ao exercício de 2020.
Perspectivas — O Grupo confirma os objetivos para 2023 comunicados no âmbito do plano estratégico “Renaulution”:
Margem operacional do Grupo superior a 3% até 2023. Fluxo de caixa livre operacional da Divisão Automotiva acumulado de 2021 a 2023 da ordem de 3 bilhões de euros, e investimentos e despesas de P&D de aproximadamente 8% do faturamento até 2023.