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Stellantis inaugura nova linha de produção dos motores GSE Turbo

Unidade recebe investimentos de R$ 500 milhões; CEO Carlos Tavares inaugurou linha em sua primeira visita à planta


PEDRO KUTNEY, AB

A Stellantis esperou a primeira visita ao Brasil do CEO do grupo, Carlos Tavares, após a fusão da PSA com FCA concluída em janeiro passado para inaugurar sua nova linha de produção dos motores GSE Turbo, dentro do Polo Automotivo Fiat em Betim (MG), que começou a funcionar oficialmente na quarta, 10. O investimento de R$ 500 milhões foi anunciado em maio de 2019 pela FCA (Fiat Chrysler Automobiles), antes do anúncio da união das duas companhias, e faz parte do programa de R$ 16 bilhões que a companhia planejou para a operação brasileira no período 2019-2025.

Tavares, que era CEO da PSA antes de assumir o comando da Stellantis este ano, já conhecia a planta brasileira que produz modelos Peugeot e Citroën em Porto Real (RJ) e agora está conhecendo os complexos de produção Fiat e Jeep no Brasil. Ele foi acompanhado na inauguração da nova linha de motores por Mike Manley, presidente da Stellantis para a região das Américas (que até o fim de 2020 foi o CEO global da FCA), e Antonio Filosa, hoje chefe de operações (COO) do novo grupo para a América do Sul e que desde 2018 era o presidente da FCA Latam. Ambos, Manley e Filosa, fizeram o anúncio do investimento de R$ 500 milhões na planta de motores em 2019, que transforma Betim no maio polo de produção de powertrain da América Latina, com capacidade anual de 700 mil motores e 500 mil transmissões.

“A Stellantis abre uma nova era para nossa presença sustentável na América Latina e o início da produção do motor GSE Turbo de classe mundial é uma grande notícia para a economia brasileira”, disse o CEO Carlos Tavares.

A unidade de produção dos GSE Turbo é integrada com as linhas dos motores Fire e Firefly que já estavam em operação, com ganhos de sinergia de gestão, manutenção, logística e especialidades técnicas. A nova linha tem capacidade inicial de produção de 100 mil unidades/ano e já consumiu recursos da ordem de R$ 400 milhões, incluindo investimentos de fornecedores e pesquisa e desenvolvimento.

Em uma primeira fase, a planta começou a fabricar o motor turbinado quatro-cilindros T4 1.3, que segundo a empresa na versão a gasolina desenvolve 180 cavalos e tem torque máximo de 270 Nm. Ainda este ano mais R$ 100 milhões estão sendo investidos na unidade para iniciar a produção do propulsor três-cilindros turbo T3 1.0 – potência não informada, especulada em torno de 130 cv. Os dois serão produzidos em versões somente a gasolina (principalmente para exportação) e flex bicombustível etanol-gasolina. E ambos trazem a tecnologia MultiAir desenvolvida no antigo Grupo Fiat, já presente em outros propulsores, que incorpora um sistema eletro-hidráulico para controlar de forma flexível a admissão de ar para aumentar a eficiência e reduzir o consumo.

OPERAÇÃO GLOBAL

Na época do investimento, a intenção da FCA era equipar diversos modelos nacionais Fiat e Jeep com os novos motores GSE Turbo, mas a fábrica tinha vencido uma concorrênca global para fazer os novos propulsores e 400 mil unidades feitas na planta mineira já estavam encomendadas para embarque a operações do grupo na Europa até 2022. Após a fusão, não está descartada a hipótese de modelos Peugeot e Citroën fabricados no Brasil e na Argentina também serem equipados com os GSE Turbo, o que ainda não foi revelado pela Stellantis.

“A inauguração desta planta de motores turbo representa um passo estratégico na direção de ampliarmos nossa presença na América Latina. Também traz muitas possibilidades para nossa gama de produtos, pois os motores GSE Turbo reúnem as melhores tecnologias de desempenho e sustentabilidade, com ganhos no consumo de combustível e redução de emissões. Esta nova produção será fonte de grande orgulho e motivação para todos nós”, disse Antonio Filosa.

INDÚSTRIA 4.0

O projeto da nova linha de motores turbo teve início em 2019 e ao longo de dois anos a unidade foi projetada e instalada com a participação de mais de 90 empresas para aporte de soluções tecnológicas e componentes, grande parte delas brasileiras. Com 12 mil metros quadrados de área, a planta tem duas linhas de usinagem de cabeçotes e blocos de motor e uma linha de montagem, dividida em três ciclos: cabeçote, short block e long block.

Seguindo os conceitos de manufatura digitalizada da Indústria 4.0, as análises técnicas do layout produtivo foram realizadas em 3D, com uso de ferramentas de virtualização para criar e testar os processos de manufatura antes da instalação física. A realidade virtual também foi empregada para simular a operação de equipamentos e máquinas, em um trabalho integrado com fornecedores para garantir qualidade, eficiência e a ergonomia correta dos operadores em seus postos de trabalho.

Segundo a empresa, a fábrica de motores adota as melhores práticas de manufatura já existentes em unidades fabris do grupo na Europa e na China. “Para garantir os melhores padrões mundiais de qualidade, realizamos benchmarks globais que, somados ao conhecimento acumulado ao longo de 44 anos de atividade do Polo Automotivo de Betim, tornam a nova fábrica de motores uma referência global”, destaca o diretor de manufatura da Stellantis para a América do Sul, Pierluigi Astorino.

A nova fábrica emprega diretamente 350 pessoas, das quais 139 são mulheres. Considerando-se toda a cadeia produtiva e de desenvolvimento dos propulsores, estima-se que foram gerados cerca de três empregos indiretos para cada posto de trabalho direto.

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