Os investimentos e avanços de Fiat e Jeep deverão também beneficiar Peugeot e Citroën

Em visita às fábricas da antiga FCA em Betim e Goiana, Carlos Tavares afirmou que sinergias devem impulsionar todas as marcas, incluindo os novos motores


PEDRO KUTNEY, AB

Em uma corrida agenda de três dias para visitar o lado que mais cresce no Brasil da Stellantis – fusão da PSA com FCA concluída em janeiro passado –, o CEO do novo grupo, Carlos Tavares, conheceu dois polos automotivos herdados da FCA que, segundo ele mesmo, devem contribuir bastante para fortalecer e retomar o crescimento das outras marcas da companhia na região. Portanto, os investimentos e avanços de Fiat e Jeep deverão também beneficiar Peugeot e Citroën.

Tavares reforçou que não é intensão da Stellantis fechar fábricas ou descontinuar nenhuma das 14 marcas que hoje integram o grupo, incluindo as operações no Mercosul, onde atualmente são produzidos veículos de quatro marcas em cinco fábricas, três no Brasil e duas na Argentina. O executivo afirmou que para alcançar as prometidas economias de € 5 bilhões/ano com sinergias, o caminho é o da “frugalidade e inteligência humana”, com redução de custos por meio de cooperação e diluição de investimentos.

Um desses exemplos de cooperação com ganhos de escala é a nova linha de produção de motores turbo que o próprio Tavares inaugurou na quarta-feira, 10, no Polo Automotivo Fiat em Betim, MG. “Essa é a sinergia óbvia: uma fábrica de motores pode fornecer para veículos de todas as nossas marcas, com isso aumentamos a produção e economizamos com a compra de componentes em maior quantidade. Mas há muitas outras oportunidades, a compra de mídia é outro exemplo”, apontou o CEO.

O “PATRÃO” DE CADA REGIÃO DECIDE O QUE FAZER

“Se algumas marcas estão hoje com dificuldades por falta de investimentos, se por vários motivos Peugeot e Citroën talvez não tenham tido o sucesso que mereciam [no Brasil], agora na Stellantis teremos capacidade de investir com maior eficiência e recuperar as que ficaram de lado. Mas o patrão de cada região tem autonomia para decidir como quer operar em seu território, aproveitando todas as sinergias possíveis”, explica Carlos Tavares.

O CEO da Stellantis destacou que o plano de sinergias já apresentado por quem ele chama de “o patrão da região”, Antonio Filosa, que era o presidente da FCA Latam e após a fusão tornou-se o chefe de operações (COO) da Stellantis na América do Sul, “é muito mais amplo e tem maior alcance do que poderíamos discutir em Turim ou Paris” (onde ficavam as antigas sedes dos grupos FCA e PSA).

O sucesso da FCA já obteve na região – primeiro com a Fiat desde o fim dos anos 1970 e mais recentemente com a Jeep depois da inauguração da moderna fábrica de Goiana (PE) em 2015, que esta semana alcançou o marco de 1 milhão de unidades já produzidas, operando ao ritmo de mil carros por dia – é atribuído por Tavares à independência que a empresa teve para desenvolver e produzir os produtos mais adequados para os clientes do Brasil e América do Sul.

“Temos uma estrutura completa no Mercosul, fazemos aqui desde o design dos carros, o desenvolvimento inteiro, a produção, a distribuição e as vendas – é uma pequena Stellantis operando na região. Por isso estamos em uma posição confortável nos próximos anos aqui, com equipes que vêm fazendo um ótimo trabalho e um forte portfólio de produtos, com vários lançamentos de veículos (produzidos localmente) já programados, três só este ano, que devem reforçar nossa liderança neste mercado”, avalia Tavares.

(Os três lançamentos de 2021 mencionados pelo CEO, pela ordem, devem ser o Jeep de sete lugares que vem sendo chamado de Grand Compass e terá sua produção iniciada em Goiana em agosto próximo; seguido pelo novo Citroën C3 a ser montado em setembro sobre a plataforma CMP em Porto Real/RJ em uma configuração com suspensão mais elevada; e em novembro entra em produção em Betim SUV/crossover compacto da Fiat.)

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